O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Paulo Guedes afirmou na quarta-feira (12) que o dólar em nível alto é "bom para todo mundo". Na visão do ministro da Economia, a moeda americana em patamar elevado incentivaria exportações e substituiria importações. Assim, beneficiaria setores como a indústria brasileira. A realidade, entretanto, é mais complexa, sublinham analistas.
O economista Marcelo Azevedo, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), frisa que parte do setor depende da importação de insumos. Com a moeda americana em nível mais alto, a fabricação de produtos tende a ficar mais cara.
— Não é tão simples dizer que o dólar alto é bom para todo mundo. Substituir importados por produtos nacionais não é tão fácil. Exige investimento — frisa Azevedo.
O economista Paulo Gala, diretor-geral da Fator Administração de Recursos, também faz ponderações à fala de Guedes. Lembra que, com a eventual alta no valor de insumos, o consumidor pode sentir repasse aos preços finais. Isso diminuiria o poder de compra da população. Ou seja, a capacidade de adquirir produtos com a mesma quantidade de dinheiro ficaria menor.
Para quem importa ou exporta, pior do que o dólar alto ou baixo é a instabilidade na taxa de câmbio, acrescenta Azevedo. Com turbulência no mercado financeiro, a moeda tende a ficar mais volátil. Variando mais, reduz a previsibilidade na hora de fechar negócios.