O ministro da Economia, Paulo Guedes, já foi o dono e senhor dos destinos do dinheiro, mas agora divide protagonismo com um trio de colegas. Passou a ser questionado pela demora nas "entregas"– aplicação das medidas gestadas na pasta. Nesta semana, o desgaste chegou ao auge, com analistas do mercado financeiro atribuindo parte do nervosismo na bolsa e no câmbio a especulações sobre sua suposta decisão de abandonar o governo no início de 2020.
É preciso reconhecer que o próprio Guedes já alimentou esse tipo de presunção. Em maio, em um dos primeiros embates sobre a reforma da Previdência, ao ser questionado do real compromisso do presidente Jair Bolsonaro com as mudanças, saiu-se com a frase:
– Se sentir que o presidente não quer a reforma, pego o avião e vou morar lá fora.
Na semana passada, ao "defender" uma aprovação rápida no Senado, Bolsonaro afirmou:
– Lamento. Tem que aprovar, não tinha como.
O presidente também garantiu que não tem "plano B" na economia, mas a dúvida só apareceu porque, também na semana passada, ganhou força a hipótese de uma mudança ministerial pós-aprovação da reforma da Previdência. Em algumas das listas de supostos candidatos à dança das cadeiras, apareceu o nome de Guedes. Não estava em todas. Mas embora o ministro seja controverso, tanto pelo discurso quanto pela prática, a reação do mercado financeiro ontem ainda é um termômetro de sua importância.
É verdade que o dia já não seria dos melhores, diante dos sinais de que a China não está tão disposta como se imaginava a um acordo com Estados Unidos quanto à guerra comercial. Mas com um dia positivo nas bolsas europeias e com discreta baixa em Nova York, especialistas apontaram na direção de “ruídos internos” para justificar a nova queda de quase 2% no Ibovespa e a alta de 1,17% no dólar.
Na bolsa, chamou atenção o fato de um só papel ter registrado alta, entre as empresas que aparecem no radar. Para analistas, embora a probabilidade não seja alta, a dúvida se instalou, dadas as dificuldades enfrentadas pelo ministro. E basta a incerteza.
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