Depois de uma terça-feira (6) de alívio, os sinais de que a economia global deve sofrer desaceleração provocada pelo agravamento da guerra comercial, já com contornos de conflito cambial, provocam novo dia de temor nos mercados financeiros ao redor do mundo. Queda nas bolsas de valores, pressão sobre o câmbio e reflexos nas taxas de juro de vários países marcam esta quarta-feira (7) em que o dólar no Brasil voltou a encostar no patamar de R$ 4. Até o final da manhã, a moeda americana já se aproximou duas vezes da marca psicológica, sem cruzá-la. A máxima, de R$ 3,9905, ocorreu às 13h09min.
A China voltou a desvalorizar sua moeda, embora desta vez sem cruzar os 7 yuans por dólar, como no final de semana. Mas foi quase pro forma, porque a cotação fixada foi de 6,996. Em reação, bolsas registraram perdas, embora até agora não tenha havia grandes tombos. Mas o que mais impressiona os analistas é o conjunto da obra: os rendimentos dos títulos do Tesouro americano caem para 1,6%, perto da mínima histórica, a cotação do petróleo despenca 5%, por temor de baixa no consumo provocada pela desaceleração projetada e o a cotação do ouro, ativo de reserva que sempre sobe em períodos de pânico, subiu cerca de 1,8% e atingiu US$ 1,5 mil por onça troy (unidade de peso do mineral), a mais alta desde 2013.
Essa mudança súbita de humor começou na sexta-feira passada, quando Donald Trump tomou da decisão de aplicar sobretaxa de 10% sobre a importação de produtos chineses nos Estados Unidos. O objetivo era pressionar a China para uma negociação mais favorável aos americanos na disputa comercial que os dois países travam, mas o efeito foi o oposto. A segunda-feira já foi tensa nos mercados mundiais, mas a terça-feira foi de alívio que, infelizmente, durou pouco.