O Rio Grande do Sul tinha, no primeiro trimestre, 98 mil trabalhadores que conviviam com a fila do desemprego há pelo menos dois anos. O número de pessoas nessa situação é o mais elevado da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012.
O longo tempo de procura por trabalho representa um dos tantos sintomas da crise econômica. Em relação ao primeiro trimestre de 2018, a quantidade de desempregados há dois anos ou mais cresceu 19,8%. Ou seja, no intervalo de um ano, o grupo teve o reforço de mais 16 mil pessoas.
Para sair dessa situação, o trabalhador segue pelo menos dois caminhos, indica o IBGE. Uma das opções é encontrar emprego formal, com carteira assinada ou CNPJ, ou apostar em atividades informais, sem registro, como os populares bicos. O outro caminho é rumar para o grupo dos desalentados. A expressão descreve os trabalhadores que, diante das dificuldades, perdem a esperança de procurar recolocação. No primeiro trimestre, essa parcela subiu 21,9%, para 78 mil pessoas.
Os 98 mil desempregados há pelo menos dois anos representavam 20,2% de toda a população desocupada no Estado entre janeiro e março (485 mil). Em parte, o cenário adverso no mercado de trabalho explica o fato de o consumo, um dos motores do crescimento econômico, não reagir. Diante disso, o governo Jair Bolsonaro deve anunciar, nos próximos dias, a liberação de saques do FGTS para elevar a capacidade de compra no país.