Se forem corretas as projeções da Petrobras sobre o resultado da venda de oito refinarias – entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões –, o Brasil vai disputar cerca de um quarto dos recursos envolvidos em negócios desse tipo em todo o mundo. Conforme estudo da consultoria global EY (antes Ernst & Young), divulgado em fevereiro deste ano, em 2018 o setor de petróleo e gás movimentou US$ 426,8 bilhões.
Do total, o segmento que inclui o refino, chamado de downstream no jargão petroleiro, correspondeu a 19,3%, ou US$ 82,5 bilhões. Portanto, a fatia ambicionada pela Petrobras nesse mercado varia entre 24,2% e 18,2% em um ano. Não é pouca coisa. Para João Luiz Zuñeda, sócio da MaxiQuim, há recursos em abundância:
– O difícil vai ser encontrar quem queira investir em refino, e no Brasil.
Embora a venda dessas unidades, incluída a Refap, de Canoas, seja encarada como tentativa de reduzir a pressão da definição dos preços sobre a Petrobras e o governo federal, Zuñeda pondera que isso não será tão simples, e os potenciais compradores sabem disso:
– Só com preço muito bom vão arriscar.
Desse ponto de vista, “muito bom” significa baixo. O recente episódio de intervenção do presidente Bolsonaro no reajuste do diesel reforçou as dúvidas sobre o grau de liberdade nos preços:
– O problema é que a gente se esforça para dar errado. A janela abre e a gente fecha – lamenta Zuñeda.