Tão esperada, a aprovação da proposta de reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados não tranquilizou investidores
e especuladores. Nesta quarta-feira (24), dia seguinte à tumultuada sessão em que avançou a tramitação da PEC 06/2019, o dólar alcançou a maior cotação do ano, com alta de 1,66%, para R$ 3,987. Perto do fechamento, o valor até desinflou, porque havia atingido, às 14h10min, R$ 3,9935.
Parte é estresse com o futuro da principal reforma do governo Bolsonaro e com persistentes sinais de que a economia brasileira marca passo – com risco de dar marcha à ré – neste início de 2019. O fechamento de 43.196 postos de trabalho com carteira assinada em março, conforme dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego, quando analistas previam abertura de 80 mil, contribuiu para aprofundar a percepção de que existe risco de um recuo no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre. Além disso, o Serasa apontou recorde histórico no número de brasileiros inadimplentes: 63 milhões. Havia expectativa de que o volume de contas atrasadas que freiam o consumo tivesse parado de aumentar.
Também houve preocupação com a pesquisa do Ibope para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) que mostrou que mostrou baixa aprovação (35%) do presidente Jair Bolsonaro. Embora não tenha registrado queda na popularidade em relação a levantamento anterior, mostra que a má avaliação não foi temporária. Um presidente enfraquecido, na avaliação do mercado financeiro, terá menos capacidade de sustentar o ambicioso projeto de reforma da Previdência.
Outra parte decorre de uma alta global do dólar frente a outras moedas depois de informações de que um acordo entre governo e oposição para saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit. O dólar também atingiu máximas ante o euro e a libra esterlina (moeda britânica), entre outras.