Até a esperança de que dias melhores virão diminuiu. Os indicadores de confiança divulgados semana passada pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que em março aumentou o mau-humor de consumidores e empresários dos setores do comércio, indústria, serviços e construção civil. Todos estão abaixo dos cem pontos, a fronteira entre o pessimismo e o otimismo.
Além da decepção com o quadro atual da economia e a demanda, que segue fraca, as sondagens do mês passado mostram recuo no componente que vinha assegurando altas consecutivas ao indicador nos últimos meses: as expectativas. Ou seja, a percepção de que os negócios e as finanças deveriam melhorar nos próximos meses regrediu. A esperada reaceleração da economia é promessa que teima em não se realizar. O novo turbilhão político em Brasília, a paralisia do governo e o aumento das incertezas quanto à reforma da Previdência jogam contra as chances de a atividade se reanimar e o mercado de trabalho reagir.
Frustração, cautela, ritmo sonolento e luz amarela são algumas palavras e expressões que aparecem nos relatórios para tentar definir os sentimentos dos empresários. No caso dos consumidores, a percepção é de desapontamento, após projetarem melhoras para a economia e para as finanças familiares nos meses anteriores.
Diante de um cenário tão nebuloso, tudo o que o país não precisa é de nova paralisação de caminhoneiros. O resultado seria uma economia ainda mais fraca. E, como consequência, menor demanda por carga.