Assim como contribuiu para agravar o mau humor do mercado financeiro imediatamente depois do Carnaval, a comunicação presidencial ajustada ajudou a virar a tendência na sexta-feira, último dia do período de trégua que marca o início do ano. Acabou a folia, terminaram as férias, é hora de colocar a máquina do governo para trabalhar na direção certa.
Há um consenso sobre o Brasil, aqui e no Exterior:
existe um país – e uma crise – antes da reforma da Previdência, e outra nação, em novo cenário, depois.
Ainda há dúvidas sobre quanto as mudanças vão render,
de fato, em economia para os cofres públicos, mas nunca houve circunstâncias tão favoráveis à aprovação.
Mas vamos combinar: foi muito confuso o início deste governo. Houve demissões que sugerem discriminação – caso de Paulo Roberto de Almeida da presidência do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri) – e tentativas de modificar regras – caso do Hino Nacional nas escolas gravado em vídeo – com resultados discutíveis.
Agravado por declarações estapafúrdias de alguns ministro, o conjunto da ópera provocou grande desgaste para o governo e, em consequência, para o capital político de um presidente eleito com forte apoio popular e respaldo na elite econômica. A gota d´água foi o susto com o tuíte de conteúdo obsceno, que comprometia a imagem do Carnaval como um todo. Além do escândalo da situação, espalhou-se não só no Brasil, mas pelo mundo, a sensação de que o presidente não definiu claramente suas prioridades O Palácio do Planalto tentou consertar, e o presidente parece ter percebido o tamanho da encrenca.
Na sexta-feira, dia em que as bolsas de todos os principais mercados se tingiram de vermelho por preocupações com a economia chinesa, no Brasil teve alta de 1,09%. O dólar também recuou, para R$ 3,87, depois de dois dias de pressão. A virada no calendário simbólico pode inspirar o Planalto. Houve testes e ajustes. Consolidou-se a percepção de que um tuíte presidencial tem alcance e efeitos que excedem muito o universo das redes sociais.