Em discurso de improviso, com apoio de um papelzinho em que anotou tópicos para não esquecer – e quase esqueceu um no final –, o ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou nesta quarta-feira (2) que a reforma da Previdência é sua primeira e maior prioridade. Falando em frente ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez ao mesmo tempo um afago e uma pequena chantagem com o Congresso: avisou que, caso a reforma não passe, a alternativa será "desindexar e desvincular" tudo no Orçamento.
Também reiterou a mensagem de que haverá uma "enxurrada de notícias" nos próximos 30 dias. São as medidas infraconstitucionais, inclusive na área da Previdência, que vão desregulamentar, desburocratizar a atividade econômica. Além da reforma, completam o "tripé de Guedes" a privatização – "acelerada", qualificou – e a simplificação tributária. Citou explicitamente o projeto do imposto único federal de Marcos Cintra.
– A despesa previdenciária é o primeiro e maior desafio a ser enfrentado. Se for bem sucedido esse enfrentamento, dois a três meses à frente, o Brasil terá 10 anos de crescimento sustentável – afirmou, ainda mais otimista do que parte da equipe, que projeta a aprovação da reforma em seis meses.
Guedes também deu recados aos "privilegiados". Afirmou que, com a contenção do gasto público – chegou a falar em 30% de cortes em cargos comissionados –, acaba a asfixia de recursos para saúde, educação e cidadania.
– O Brasil deixará de ser o paraíso dos rentistas e o inferno dos empreendedores. A Previdência é uma fábrica de desigualdades. Quem legisla tem as maiores aposentadorias, quem julga tem as maiores aposentadorias, e o povo brasileiro, as menores.