Grande vencedora do mais recente leilão de obras na área de transmissão de energia elétrica, a Neoenergia prevê investimento de R$ 1,2 bilhão, a maior parte do total no Rio Grande do Sul, com parte também em Santa Catarina. A empresa que atua no Brasil também por meio das distribuidoras Elektro (Campinas-S), Coelba (Bahia), Cosern (RN) e Celpa (PA), é controlada pela espanhola Iberdrola, um grupo de energia com atuação global. É o chamado Lote 14, que prevê a construção de cerca de 770 quilômetros de linhas de transmissão e ampliação de nove subestações, com geração de 2,4 mil empregos diretos. Como é um bloco que não estava no Lote A, não tem licenças ambientais, que espera obter em até 15 meses. Embora alcance Siderópolis (SC), a 14 quilômetros de Criciúma, a obra se concentra no Estado, passando por São Francisco de Paula, Santa Maria, Livramento, Pelotas e Rio Grande. Um dos executivos responsáveis pelo projeto é Marthus Trott, de Cerro Largo, gerente de subestações, que conversou com a coluna acompanhado de Emmanuel Pasqua, gerente de linhas de transmissão.
Com a força da Iberdrola
Conforme Emmanuel, a empresa de origem espanhola tem um ambicioso plano de expansão no Brasil, na distribuição, na geração e na transmissão. É um plano de crescimento com mais de uma década. O gerente destaca que esse é um dos motivos pelos quais a Neoenergia foi "agressiva" no leilão. Nesse tipo de disputa, ganha o direito de realizar a obra, e ser remunerado pelo transporte de energia ao longo de 30 anos, a empresa que oferecer maior desconto sobre uma receita anual prevista pelos órgãos reguladores.
– O que pode parecer agressivo foi muito bem estudado para ver até onde poderíamos chegar com a receita – detalha Emmanuel.
Bilhões próprios
Marthos lembra que, só no leilão mais recente, a Neoenergia se comprometeu a investir
R$ 6,2 bilhões no Brasil. Contando com os compromissos assumidos anteriormente, são
R$ 8,9 bilhões. A empresa e sua controladora ainda estão examinando a possibilidade de financiar parte dos recursos necessários, mas o executivo gaúcho afirma que a empresa está disposta a bancar tudo com recursos próprios, se for necessário. Não é uma atitude habitual no Brasil, e, especialmente, no segmento, que tem regras elaboradas para facilitar o acesso do empreendedor a empréstimos.
Começo do zero
Ao contrário demais lotes, o 14 não estava no bloco sob responsabilidade da Eletrosul. Isso significa, detalha Emmanuel, que o projeto vai começar do zero, ou seja, terá de encaminhar um processo de licenciamento completo. O executivo detalha que os primeiros passos já foram dados, e prevê que em 15 meses seja possível obter a licença de instalação, que permite o começo efetivo das obras. É um dos motivos pelos quais a Neoenergia quer entregar a obra antes do prazo legal de 60 meses, mas ainda não quer se comprometer
com outra data.