Foi mais um dia tenso no mercado financeiro global nesta segunda-feira (10), que fez a bolsa de valores no Brasil cair 2,5% e o dólar subir para R$ 3,92, depois de arranhar R$ 3,95. As causas são as mesmas que estressam investidores ao redor do mundo desde que se soube da prisão da filha do fundador da gigante chinesa Huawei, Meng Wanzhou. No país asiático, os embaixadores do Canadá, onde ocorreu a detenção, e dos Estados Unidos, que fez o pedido, foram convocados a dar explicações pelo vice-ministro das Relações Exteriores , Le Yucheng. Foram avisados de que Pequim poderá tomar medidas “mais profundas”, se necessário.
Há inquietações sobre o futuro das relações entre as duas maiores economias do planeta, e o desempenho particular de cada uma. Nos Estados Unidos, nunca se falou tanto em recessão se que houvesse sequer um sinal real de perda de riqueza. O temor cresce embalado por projeções e sinais emitidos no comportamento das taxas de juro de curto e médio prazo por lá. Na China, a perspectiva para 2019 é de mais desaceleração no ritmo de crescimento, o que significa redução de compras do maior consumidor do planeta.
É nesse cenário que começa, nesta terça-feira (11), a última reunião do ano para analisar o juro básico. Se a expectativa dominante já era de manutenção da taxa nos atuais 6,5% ao ano, a mudança de tempo lá fora recomenda ainda mais cautela. No Brasil, a despeito do entusiasmo do mercado financeiro com o novo governo, diplomado nesta segunda-feira, o recado enviado pelo boletim Focus – elaboradas com projeções de gestores e economistas de bancos e corretoras. Não por coincidência, na edição divulgada nesta segunda-feira (10) pelo Banco Central (BC), encolheram as expectativas, para 2018, tanto para o PIB, de 1,32% para 1,3%, quanto para a inflação medida pelo IPCA, de 3,89% para 3,71%.
Se o BC conseguiu manter a taxa no seu patamar mais baixo na história por nove meses – até agora –, não obteve sucesso em fazer o efeito do que chama de “política estimulativa” chegar aos tomadores de empréstimos. Na teoria, o tempo necessário é entre seis e nove meses, portanto seria tempo. Pesquisa da Anefac, que representa executivos de finanças, mostrou que a menor taxa de mercado está 260% superior ao juro básico. No cheque especial e cartão de crédito, o grau de distorção alcança 4.253%.