Pela segunda vez, Paulo Guedes consegue compensar uma quebra de expectativa na indicação da vasta estrutura de seu superministério. A primeira foi no Banco Central: quando todos sabiam que Ilan Goldfajn só não ficaria se não quisesse, anunciou Roberto Campos Neto. Tanto pela trajetória pessoal quanto pelo simbolismo de ser avô do liberal mais conhecido no Brasil, Campos Neto agradou ao mercado.
Agora, a indicação de Roberto Castello Branco para a presidência da Petrobras também pegou os analistas de surpresa. O atual presidente, Ivan Monteiro, era considerado já praticamente confirmado no cargo.
No entanto, a surpresa voltou a ser bem-recebida, apesar da ausência de experiência do executivo no segmento de óleo e gás. É bom lembrar que Carneiro também não era um executivo do setor de petróleo. Construiu boa parte de sua carreira no Banco do Brasil. Lá, mesmo tendo integrado a diretoria comandada por Aldemir Bendine, saiu com imagem intacta. Tanto que, agora, a especulação é de que venha a assumir a presidência da instituição financeira.
Castello Branco reforça o núcleo econômico do governo Bolsonaro com formação em Chicago – a exemplo do próprio Guedes e de Joaquim Levy –, ajudando a aplacar o temido efeito "separação". Como Guedes era o único fiador liberal do presidente eleito, temia-se que um eventual conflito entre os dois, ao longo do mandato, comprometesse as convicções do capitão. Com Campos Neto e Castello Branco, esse risco diminui.