As obras no aeroporto Salgado Filho avançam dentro do cronograma, mas queixas dos usuários sobre a manutenção e conforto dos espaços internos chegaram à direção da Fraport, empresa alemã que administra o terminal desde 1º de janeiro deste ano. Andreas Montag, gerente executivo de assuntos corporativos da Fraport, disse à coluna, nesta terça-feira (13), que a empresa reconhece o impacto das mudanças sobre os usuários:
– Parte da praça de alimentação está fechada, sabemos que está uma pequena bagunça, pelo que pedimos desculpas. Mas vamos começar a liberar essas obras de retrofit (reforma) antes do prazo geral da entrega. A partir de abril vamos começar a liberar os espaços, com melhoras.
Montag é um dos três únicos alemães da operação da Fraport no Estado, que tem 240 pessoas. Jocel Gadens, diretor financeiro, de Tenente Portela, diz que a grande maioria dos outros 237 é gaúcha como ele. Os dois participaram da reunião-almoço Menu PoA, da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA) nesta terça-feira (13).
– Percebemos a necessidade de melhorar os serviços. No mês passado, por exemplo, mudamos o fornecedor da manutenção dos banheiros, porque o que tinha contrato com a Infraero não estava dando conta. Contratamos a GPS, uma empresa internacional com experiência e tecnologia. Eles apresentaram novos materiais de limpeza, que ajudam a controlar odores.
Neste ano, detalhou Gadens, o movimento de passageiros em Fortaleza, outro aeroporto brasileiro operado pela Fraport, aumentou 12%. Em Porto Alegre, também houve crescimento, mas cerca de metade do registrado no Ceará. De 7,6 milhões de usuários em 2017, o Salgado Filho deve fechar o ano com 8 milhões.
– Nosso plano é chegar a 21 milhões, mas é claro que olhando o prazo da concessão (que é de 25 anos). Temos boas perspectivas, mas a falta de crescimento freia o interesse de empresários de investir no aeroporto – observa o diretor financeiro.
Gadens observou que a Fraport ainda negocia com o BNDES um financiamento para o cumprimento da primeira fase do cronograma, que vence no final de outubro de 2019. Montag ponderou que é "um grande desafio" cumprir esse prazo. Confirmou que a Fraport recomendou à Azul passar a utilizar o Terminal 1 a partir da conclusão da obra de expansão, mas disse que ainda não há planos sobre o que fazer com o Terminal 2, conhecido pelos gaúchos como "aeroporto velho".
Gadens afirmou que existe intenção da empresa de, mais do que preservar os painéis de Aldo Locateli que decoram a construção, dar uma destinação que represente bom fluxo de pessoas no local. Uma das ideias é transformar o local em um terminal de ônibus, mas a decisão não está tomada.
A maior dificuldade enfrentada na ampliação física foi a necessidade de derrubar parte da estrutura que havia sido iniciada no processo de licitação ainda comandado pela Infraero, por problemas de resistência. A entrega do conjunto de melhorias físicas – novo terminal e edifício-garagem está prevista para outubro de 2019. Na ampliação da pista, foram feitas poucas intervenções, a maioria de drenagem, mas o prazo é 2021. Falta só a Fraport cuidar da estrutura atual tão bem quanto.