Uma possibilidade aberta para o grupo de dirigentes de entidades empresariais que levou apoio a Jair Bolsonaro (PSL) na segunda-feira foi se integrar ao grupo de transição caso o candidato confirme o favoritismo nas pesquisas e seja eleito neste domingo. Presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro disse à coluna que a conversa com Bolsonaro foi apenas um bate-papo informal, sem detalhamento técnico:
– Não fomos com intenção de aprofundar algum tema, mas de mostrar apreensões.
Uma preocupação é com a proposta de fazer abertura comercial unilateral, ou seja, baixar tarifas de importação sem pedir reciprocidade aos demais países, detalha.
– Hoje o Brasil é segundo time no mercado internacional. Queremos participação equivalente a nosso peso. Uma coisa é o programa pré-eleição, outra é depois da vitória – observa o empresário.
Segundo Castro, o encontro foi negociado entre o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM), que pode ser o ministro-chefe da Casa Civil de um eventual governo Bolsonaro, e Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil.
– Não foi um convite formal, mas foi citada a possibilidade de o grupo acompanhar a transição de governo, quando muitas questões serão definidas.
Castro admitiu preocupação com o discurso de que o Brasil tem recursos, basta “acabar com a roubalheira”.
– Gostaria que fosse tão simples. O fanatismo cega as pessoas, não permite ver o que é viável e o que não é. O cenário econômico não é fácil. Há muita dificuldade. Será preciso selecionar prioridades para ver o que pode ser executado.
Integrantes de entidades empresariais disseram ao candidato que o setor privado tem recursos para obras de infraestrutura, mas precisa de segurança jurídica. Além de Castro, estavam no encontro representantes de Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Instituto Aço Brasil e Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).