Uma das contas da crise mais difíceis de resgatar foi feita em pela FGV Social. A área da Fundação Getulio Vargas coordenada por Marcelo Néri, um dos responsáveis pela disseminação da melhora nos indicadores do setor calculou que número de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza voltou a subir no Brasil. Em 2017, depois de dois anos de recessão e um de lenta reação, 23,3 milhões de pessoas sobreviveram com menos de R$ 232 por mês. Representam 11,2% da população.
Nos últimos quatro anos, houve aumento de 33% no contingente nessa situação, conforme a FGV Social. Só em 2015, primeiro ano de recessão, a pobreza subiu 19,3%. As informações do estudo indicam a queda da renda média, derivada do aumento no desemprego, e a disseminação da desigualdade como os principais responsáveis pelo aperto. No entanto, no segundo trimestre de 2018, a renda média da população voltou a crescer. A elevação foi discreta, de 1,66% em relação ao mesmo período de 2017, mas ao menos conseguiu inverter o sinal.
A análise ainda mostrou que, entre o segundo trimestre de 2015 e igual período de 2018, a perda acumulada de renda média chega a 3,44%. Esse dado acende a esperança de que, até o final do ano, seja possível reverter o aumento da população mergulhada na extrema pobreza. Mas para desalento de Néri, o efeito do empobrecimento brasileiro é ainda mais dramática entre os jovens (-20,1% entre 15 e 19 anos e -13,94% entre 20 e 24 anos). O único consolo possível é que o percentual segue muito distante dos pior momento, com quase 30% abaixo da linha crítica.