Muita coisa mudou no mercado financeiro do país em apenas um mês e meio. Do auge do pessimismo até a euforia da última sexta-feira, o índice Ibovespa já subiu 16,7%. São cinco semanas consecutivas de alta, após seis seguidas de queda acelerada pela greve dos caminhoneiros, saída de Pedro Parente da presidência da Petrobras e o esboço de um quadro eleitoral longe de ser o preferido pelos investidores, com a possibilidade de um segundo turno polarizado entre Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL).
No dia 18 de junho, data que marcou o menor nível do Ibovespa, todas as empresas listadas na bolsa paulista tinham valor de mercado de R$ 2,94 trilhões. Conforme os dados da B3, até quinta-feira (sem contabilizar os números de sexta, dia de fortes ganhos), a soma era de R$ 3,29 trilhões. Em 31 pregões, as companhias brasileiras com ações negociadas ganharam R$ 352 bilhões de valor.
Protagonista nos dois momentos, a Petrobras valia R$ 209,3 bilhões no dia em que encontrou o piso. Na sexta-feira, R$ 291 bilhões, valorização de 39%. Os bancos, com o maior peso no índice, também deram impulso. O Itaú, mais valioso do grupo, passou de R$ 233,4 bilhões para R$ 286,7 bilhões.
As empresas gaúchas não ficaram para trás. O Banrisul valia R$ 6,96 bilhões ao final da semana passada, 26% acima do dia 18 de junho. A Marcopolo alcançou na sexta-feira valor de mercado de R$ 3,21 bilhões, alta de 13% desde o mesmo dia. A companhia, porém, fez seu fundo antes, em 6 de junho. Em quase dois meses, suas ações subiram 25%.
Outro termômetro do humor, o dólar frustrou as expectativas dos analistas que consideravam iminente a quebra da barreira dos R$ 4. Chegou a R$ 3,93 no início de julho, mas engatou trajetória de queda até os R$ 3,70 de sexta-feira.
Compre quando houver sangue nas ruas, diz uma máxima repetida no mercado financeiro, atribuída ao Barão de Rothschild, banqueiro inglês que via no pânico as melhores oportunidades. Além da ocasião, nesse meio tempo as articulações que parecem ter fortalecido o tucano Geraldo Alckmin na corrida ao Planalto deram gás extra aos preços. Mas o candidato predileto do mercado está longe de traduzir seus avanços nos bastidores em intenções de voto.
Assim, a bipolaridade pode voltar a qualquer momento.
