Depois de um pequeno alívio no dia anterior, o dólar voltou a subir nesta quarta-feira (15), pressionado especialmente pelo cenário externo, e fechou em R$ 3,901. Foi a primeira vez desde 5 de julho que a moeda encerrou o dia acima de R$ 3,90. Além da situação da Turquia, que ainda preocupa, o motivo que mais estressou os investidores foi uma queda nas cotações de matérias-primas como minério de ferro e petróleo. Esses produtos básicos, conhecidos como commodities, estavam com preços em alta nos últimos meses. Não por acaso, os papéis da Vale (3,9%), exportadora de ferro, e da Petrobras (4,4%) apareceram entre as maiores quedas na bolsa de São Paulo.
Enquanto a principal causa de turbulência era a crise monetária da Turquia, os países mais contagiados foram os emergentes. Com a inquietação sobre o valor dos produtos básicos, a onda de estresse se espalhou também para mercados desenvolvidos, com quedas nas bolsas europeias acima de 1% em várias praças – o que não é frequente por lá – e também em Wall Street.
A própria lira turca, que havia cedido mais de 20% em relação ao dólar, teve um dia de recuperação. Um dos fatores de preocupação foi um estudo de uma consultoria internacional afirmando que o "mini boom das commodities" está acabando. Um indicador do nervosismo do mercado, o índice VIX, considerado um medidor de volatilidade e aversão ao risco, subiu 18% nesta quarta-feira (15), para o maior patamar do mês. No dia, o real foi menos afetado pela onda de turbulência, sofrendo menor desvalorização do que o rublo da Rússia ou o peso do México.
No cenário interno, o dado preocupante do dia foi o resultado do Indicador de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). Em relação ao trimestre anterior, o período entre abril e junho recuou 0,99%. O mais relevante é o fato de que, em junho, esse termômetro do ritmo da economia teve alta de 3,29% em junho, recuperando quase toda a perda de maio, que havia chegado a -3,34%, por conta da greve dos caminhoneiros. Com essa “compensação”, o resultado negativo do trimestre não pode ser colocado na conta da paralisação do transporte.