Mesmo já sabendo dos dois leilões de linha (venda física de dólares, com obrigação de recompra posterior) do Banco Central, anunciados na véspera, depois do fechamento da sessão, o mercado de dólar acordou nervoso nesta quarta-feira (29). Na abertura, a cotação chegou a R$ 4,157.
À medida que as transações avançaram, a calma voltou, com ajuda dos US$ 2,15 bilhões ofertados pelo BC. A cotação acabou fechando em R$ 4,114, recuo de 0,65% em relação ao dia anterior.
O desempenho contrastou com a terça-feira (28), quando uma onda de desvalorização atingiu o real. Na quarta-feira, o dólar se valorizou ante várias moedas de países emergentes, entre os quais a Turquia (3% de alta nesta quinta), onde o BC local foi obrigado a duplicar o limite de crédito no setor bancário, e na África do Sul, apontada como a “bola da vez”, depois das crises de Argentina e Turquia. Mas o real resistiu à volta da depreciação.
Havia certa tensão sobre o resultado da primeira revisão do PIB dos Estados Unidos, mas nem o fato de o dado vir ligeiramente acima (4,2%) da expectativa (4,1%) perturbou a relativa calmaria no câmbio. O crescimento elevado da economia americana pressiona por mais aumento na taxa de juro no país, o que desloca capitais dos emergentes para a terra que imprime dólares.
Além de fazer leilões, o BC brasileiro também quebrou o silêncio, tentando reduzir o estresse. Parece ter ajudado. Ao menos, até agora.
A elevação consistente da bolsa, de 1,2% nesta quarta-feira, reflete mais as sucessivas altas em Nova York, que vem quebrando seus próprios recordes, do que alguma percepção de melhora no cenário interno.
Analistas advertem que a trégua na disparada do dólar pode ter curta duração, tanto pelo desafiador cenário externo, que afeta todos os países emergentes, quanto pelo ambiente interno, de incerteza elevada. Depois de registrar a segunda maior cotação da história do real, o dólar pode quebrar o teto até agora, de R$ 4,1631, registrado em 21 de janeiro de 2016.