Na quinta-feira (5), depois da determinação de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os mais afoitos prenunciaram um dia de alta na bolsa do Brasil. A abertura, nesta sexta-feira (6), foi em discreta baixa, mas se aprofundou para alcançar 1% ao meio-dia. Também ao contrário do que se poderia esperar, o dólar sobe 0,78%, bem acima da flutuação normal, para encostrar em R$ 3,37.
O retrospecto da reação de investidores a Lula autorizaria a previsão de dia positivo, não fosse o panorama complicado lá fora e a estreita relação do Ibovespa com a bolsa de Nova York. Investidores no mercado de capitais do Brasil consideram a candidatura do ex-presidente um risco para a estabilidade da economia, portanto reagem mal a tudo que o reforça e bem a tudo que o fragiliza.
Esperar alta de ações e baixa do dólar nesta sexta-feira, portanto, não seria fora de propósito caso nada mais influenciasse o humor. Além do fato de muitos analistas já considerarem Lula "carta fora do baralho" da sucessão presidencial e avaliarem que sua prisão é questão de tempo, havia no horizonte um indicador essencial: a divulgação, nesta sexta-feira, do nível de emprego nos EUA, que ajuda a definir o ritmo da alta de juro por lá.
Com perspectiva de que caísse abaixo dos 4%, ajudou a segurar o ânimo ainda na véspera. Ficou em 4,1%, a taxa mais baixa em 17 anos, e moderou o apetite por risco.
E ainda veio o imponderável Donald Trump, que ameaçou, na noite da véspera, impor barreiras a produtos que representam mais US$ 100 bilhões no comércio entre os dois países. Os indicadores futuros do mercado americano entraram em negativo e levaram junto os do Brasil. O índice Dow Jones, o mais tradicional de Nova York, cai 1,58% no final da manhã.