O crescimento de quase 60% no lucro do Banrisul em 2017 causou surpresa entre analistas. Ao apresentar nesta segunda-feira (19) o valor histórico de R$ 1,05 bilhão, a instituição atribuiu parte do resultado à melhora no cenário macroeconômico ocorrida ao longo do ano passado. E um dos reflexos da retomada a passos lentos no país foi a baixa nas despesas que o banco teve com provisões – recursos reservados para fazer frente a eventuais calotes.
– O lucro surpreendeu. Superou, e muito, as projeções, que já eram boas. Um dos motivos foi a redução no nível de provisões. Outro ponto positivo para o banco foi a baixa na inadimplência – comenta a analista Laís Martins Fracasso, da Fundamenta Investimentos.
Por conta da divulgação do balanço, as ações do Banrisul tiveram alta expressiva nesta segunda. Ao final da sessão na bolsa de valores de São Paulo, subiram 6,21%, a R$ 17,95. O avanço reacendeu o debate sobre a venda de papéis da instituição, adiada pelo governo do Estado em dezembro. À época, o Piratini havia alegado "condições desfavoráveis de mercado" ao explicar a suspensão.
– A venda de ações foi suspensa. O que podemos dizer é que o balanço mostra os fundamentos do banco. Aparentemente, o mercado gostou do que viu – declara o diretor financeiro e de relações com os investidores do Banrisul, Ricardo Hingel.
Ao apontar os ingredientes que fizeram a receita do banco crescer, Hingel cita a melhora na carteira de crédito. Além disso, menciona investimentos na casa dos R$ 200 milhões voltados à área de tecnologia.
– Durante a recessão, sofremos muito com provisões. O nível estava alto, mas teve reversão. A queda na inadimplência é muito consistente. Com o fim da recessão, o cenário começou a mudar – avalia Hingel.
O diretor ainda descarta que o banco poderá ser privatizado, hipótese ventilada no ano passado. Para 2018, ele projeta que o ambiente macroeconômico seguirá com avanços no país, que deverão respingar nos resultados dos próximos meses.
– Projetamos crescimento de cerca de 3% no PIB brasileiro em 2018. Uma retomada econômica só ocorre com melhora em emprego e renda. E todo esse giro se faz com crédito. O crédito do banco deve se expandir ao longo do ano – avalia o diretor.