Não só as alternativas “condenado” ou “absolvido” no julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no TRF4 estão sob análise do mercado financeiro. A reação de bolsa e dólar vai variar com o placar da decisão da 8ª Turma. Embora observem que o episódio não altera os fundamentos da economia que sustentaram a alta recente, analistas ponderam que o que está em jogo é o impacto nas eleições e no projeto para o país a partir de 2019. O mercado não “compra” a tese de que Lula será candidato mesmo condenado. Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, explica que essa postura é considerada uma alternativa de sobrevivência política do PT, não uma decisão eleitoral viável.
Condenação por 3 a 0
É nessa hipótese que se concentram as apostas do mercado. Há tal expectativa em torno nesse resultado que abre espaço para especulação: qualquer placar diferente vai suscitar ganhos e perdas. Mario Avelar, gestor de portfólio da Avantgarde Capital, avalia que o patamar atual da bolsa precifique ao redor de 80% do efeito da condenação unânime, o que significa que a recente euforia pode se intensificar.
Condenação por 2 a 1
Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, confirma que a perspectiva de condenação por unanimidade é grande, e que a condenação por 2 a 1 “já causa certo estresse” e poderia levar a “uma certa realização” (venda de ações que provoca recuo na bolsa). O motivo é que estenderia o suspense sobre o quadro eleitoral por mais cerca de 60 dias, até que os recursos fossem examinados. Avelar também vê risco de “estragozinho de curto prazo” nesse caso.
Absolvição
Exatamente por não estar no cenário considerado mais provável, uma eventual absolvição de Lula pelo TRF4 causaria uma correção das posições de investidores e especuladores. Com cautela, Avelar diz que não se supreenderia em ver a bolsa caindo até 5 mil pontos nessa hipótese, em alguns dias. Isso equivaleria a uma queda acumulada ao redor de 6%.
Fator feriado
A expectativa é de que a decisão seja conhecida por volta de 16h30min. Isso significa que a bolsa teria uma hora e meia para reagir. O dia seguinte é feriado em São Paulo. Para Rosa e Avelar, a interrupção pode ser benigna, para evitar eventuais reações de pânico e permitir mais reflexão, especialmente caso o resultado não seja o mais esperado.