Filho de Andreas Stihl, fundador da empresa alemã na pequena cidade de Waiblingen, perto de Stuttgart, Hans Peter Stihl é o integrante da família com maior relação com o Brasil. Viaja ao país todos os anos desde 1968. Aos 85 anos, cheio de disposição, o presidente honorário do conselho consultivo da empresa visitou o evento Jardim das Ideias, promovido pela Stihl na Floricultura Winge, no último domingo (5), onde conversou com a coluna, com participação da sobrinha Selina Stihl, integrante do conselho, e de Claudio Guenther, presidente no Brasil. A Stihl vai investir R$ 300 milhões em São Leopoldo entre 2018 e 2020. Na cidade emblemática para a imigração alemã no Estado, a empresa começou sua produção própria no Brasil na década de 1970. A vocação de trota-mundos de Hans Peter lhe valeu a indicação de cônsul honorário de Cingapura.
A origem
Em 1973, havia muitos rumores de que o Brasil fecharia suas fronteiras para produtos importados. Até então, importávamos tudo e não queríamos perder esse mercado. Então, decidimos começar produção própria no Brasil. Depois, o rumor se tornou, infelizmente, verdadeiro. Passamos a procurar um local para receber nossa produção e decidimos por São Leopoldo. Viajei pela América do Sul desde 1968, entre Brasil, Argentina e Chile, para decidir onde iniciar nossa produção. E no final, é claro, até como maior país da região, nossa primeira escolha foi o Brasil. Desde então, venho todos os anos para o Brasil.
Aposta reforçada
Como uma empresa familiar, somos orientados para o longo prazo. Desde 1975, temos construído uma longa história no mercado brasileiro, com uma operação que exporta quase metade da produção para mais de 80 países. Então, esse novo investimento é focado em um novo centro de pesquisa e desenvolvimento e em um novo e mais moderno prédio para a produção. O novo investimento está em linha com nossa longa história no Brasil, com essa visão de longo prazo.
Produtos novos
Nos últimos cinco, seis anos, percebemos que a alimentação a bateria tem se tornado mais adequada a pequenas ferramentas destinadas à jardinagem. Desenvolvemos uma linha para ser usada também em cidades, porque não fazem qualquer barulho, não têm cheiro, são muito fáceis de ligar, é só apertar um botão. Além disso, com bateria não é preciso se preocupar com o cabo, e independe de ter uma tomada por perto. Vamos investir mais para apresentar equipamentos mais duráveis e fortes alimentados a bateria, uma linha importante para o futuro. No nosso sistema, vendemos bateria separada do equipamento, então é possível comprar uma bateria e usar em várias ferramentas.
Bateria x combustão
A Tesla é um caso especial, porque eles pensam que podem substituir todos os carros a combustão por motores a bateria. Isso não tem sentido. A autonomia dos carros elétricos vai hoje ao máximo de 400 quilômetros, e aí é preciso recarregar a bateria. No caso de ferramentas, é totalmente diferente. É muito fácil de carregar e trocar a bateria dos equipamentos, que são intercambiáveis. Pode usar uma segunda quando a primeira descarregar, é muito mais fácil. Pode usar de forma contínua. Não fabricamos as baterias, produzimos o nicho para incluir pequenas células redondas que podem ser compradas no Japão, na Coreia do Sul, que é de onde também vêm as baterias para carros. Procuramos as melhores soluções para baterias.
Automação e emprego
Muita gente pensa que a indústria 4.0 é algo muito novo, mas não é verdade. Usamos há pelos menos 10 anos, para melhorar a produtividade, tornar a produção mais fácil. Inclusive na nossa unidade de São Leopoldo temos alto nível de automação e integração digital. A empresa tem, no mundo, 15 mil funcionários, e no Brasil, 2,2 mil. A automação vai continuar crescendo, principalmente para reduzir preço final dos produtos. Nós produzimos em Alemanha, Suíça, EUA, Brasil, Filipinas e China, todas com digitalização de processos. Não demitimos pessoas para introduzir automação e reduzir a força de trabalho. Ensinamos nossos funcionários a trabalhar nesse novo sistema tecnológico de produção.