Por que o mesmo governo que prevê déficit de R$ 159 bilhões no orçamento de 2018 e pressiona para fazer reforma da Previdência porque os gastos com aposentadorias e pensões vão alcançar 80% do total das despesas em poucos anos anuncia investimentos de R$ 130 bilhões?
Em primeiro lugar, porque o papel e a tela do computador aceitam tudo. Em segundo, porque tem 3% de aprovação. Em terceiro, por que brasileiros têm memória curta. Mas quem tem o hábito de aprender com os erros do passado, caso de Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, adverte:
– É falta de criatividade. Outra vez, o governo quer mostrar para a sociedade, com programas megalomanícos, que vai resovler tudo. Isso já foi feito por Fernando Henrique, Lula, Dilma, e agora por Temer. O PAC se chamava Antônio, e o Avançar é Joaquim, mas é tudo a mesma coisa.
Atenção: Pires está longe de ser um crítico absoluto da atual condução da economia.
– O governo Temer tem um pecado muito grave. Não sabe se comunicar com a sociedade. Em vez de Projeto Avançar, deveria destacar a redução da inflação, do juro, o fato de que a economia está voltando a crescer. O desemprego ainda é alto, mas há uma luzinha no fim do túnel, o leilão de áreas de petróleo deu muito certo. E isso é tudo verdadeiro – afirma.
Além das inconsistências gerais, o detalhamento das "obras" inclui plataformas de petróleo que seriam construídas, ao menos parcialmente, no Rio Grande do Sul. O problema é que a Petrobras, de onde parte a maioria das encomendas, está pedindo autorização para levar quase todos os projetos desse tipo para China ou Coreia do Sul. Com quem os pedidos foram combinados?
Para um governo de credibilidade baixa, o lançamento do Avançar é um risco maior.