É o quinto mês seguido de redução na taxa de desemprego, mas o IBGE, "dono" da estatística, avisa que ainda não se pode dizer que o pior ficou para trás nesse indicador. Como se sabe, o emprego é o último vagão da composição da retomada. Portanto, sofre mais solavancos no trajeto. E ainda não estamos livres de risco de descarrilamento, adverte Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Renda do IBGE.
No momento em que vários indicadores da economia já melhoram, o do desemprego ainda está na fase da despiora. Com a frase, a coluna agradece, com mais de um mês de atraso, o apoio do professor Cláudio Moreno para a liberdade vernacular econômica. Como ex-aluna, aprendi que a língua é viva e mutante. E tomo emprestada a explicação, clara como suas aulas: "sutil indicação de que a trajetória que se aproximava do polo negativo (pior) foi interrompida e começa a reverter – sem entrar, ainda, na metade 'positiva' do eixo semântico".
Outra característica da despiora do desemprego é o fato de que a grande maioria – segundo o IBGE, 70% – dos novos postos de trabalho é informal, ou seja, sem carteira assinada, longe das regras recentemente alteradas da CLT, que só entram em vigor pleno no dia 11 de novembro. Apesar da coincidência de momento, saídas de crises profundas são sempre marcadas pelo aumento de vagas sem registro. É uma questão de custo e de precaução.
Só depois de novembro será possível separar melhor o que é efeito da expectativa com as novas regras e o que é habitual na retomada das contratações. Por ora, não há dúvida de que é melhor ter renda relativamente estável do que não ter expectativa de sobrevivência. A longo prazo, a precarização acaba enfraquecendo a economia como um todo – especialmente uma tão cartorial quanto a brasileira. Mas 1 milhão a menos de pessoas procurando emprego, se não é melhora, é um alívio.