A coluna já havia explorado o tema quando o Brasil se escandalizava com uma reles mala recheada com R$ 500 mil. Agora que a Polícia Federal descobriu R$ 51.030.866,40 – os centavos vêm da conversão para reais, quadrilhas de Brasília ainda não arrecadam moedas –, a situação mudou de escala. Ao menos na ficção, lidar com grandes volumes de dinheiro vivo costuma ser sinônimo de encrenca. Ao menos na ficção, invariavelmente acaba mal.
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Narcos (2015)
Impossível não pensar nos esconderijos de dinheiro de Pablo Escobar em sua versão Wagner Moura diante das caixas e malas depositadas no apartamento em Salvador. Mas também não se pode deixar de reconhecer que a turma de Medellín parecia mais profissional: tinha paredes falsas e escadas móveis que pareciam desenhadas à medida para esconder pilhas de dólares. Eventualmente, uma "carga" apodrecia enterrada em local ermo. Mas só de vez em quando.
Uma Saída de Mestre (2013)
Se guardar R$ 51 milhões e uns trocados já é difícil, imagine roubar um cofre cheio de ouro e transportar por uma grande cidade. É essa a história de um roubo absurdo, que cita um clássico de 1969 (não é um remake). O pior, para todos os brasileiros, é que todo o surrealismo da obra multicultural não supera o espanto com a desfaçatez dos corruptos nacionais.
Efeito dominó (2008)
Baseado em um misterioso assalto real ocorrido em 1971, mistura a ação de bandidos contratados para construir um túnel e entrar na caixa-forte de um banco na Baker Street, em Londres. No filme, o assalto é regido por interesses de Estado, o que rende um roteiro incomum, mas familiar aos brasileiros.
Caçadores de emoção (1991)
Marcou época com a crítica implícita no fato de os assaltantes usarem máscaras de ex-presidentes dos EUA. E ainda eram surfistas que roubavam bancos para financiar aventuras radicais pelo mundo. Uma frase dos bandidos é emblemática: "Nós somos os ex-presidentes. Obrigado, senhora e senhores. E por favor, não esqueçam de votar".