A foto acima é de julho de 2008, em um dia ensolarado do último inverno sem a onipresença da palavra "crise". A jornalista que assina esta coluna trabalhava em uma reportagem sobre Paulo Bellini e o convenceu a permitir uma sessão de fotos com um de seus prazeres, o golfe. Bellini se despediu da Marcopolo, de Caxias do Sul e da vida nesta quinta-feira (15), mas deixa a imagem de um "ícone da indústria gaúcha", nas palavras do presidente da Fiergs, Heitor Müller.
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Com bom humor e simplicidade, Bellini transformou a oficina improvisada que ajudou a criar em uma das empresas mais internacionalizadas do país. Pouco antes da foto, Bellini contava a saga dos primeiros ônibus que, em 1949, tinham rebites (peças que, para unir placas, perfuram o metal) no teto e precisavam de guarda-chuvas sob mau tempo, até o vendido em 2002 para o emirado de Abu Dhabi, com maçanetas em ouro. E como, ao ganhar o mercado internacional com uma venda para o Uruguai, o grupo de descendentes de imigrantes da serra gaúcha passou a ser chamado de "milagreiros do Sul", na década de 1960. Também lembrava, sem constrangimento, dos erros e de como a empresa chegou às portas da falência, o que o fazia se "ajoelhar na frente dos gerentes de banco". Depois de vencer os riscos, com Valter Gomes Pinto e José Antônio Fernandes Martins, entre outros, Bellini transformou a Marcopolo em embaixadas móveis do Brasil no Exterior.