Se o sobe e desce marca bolsa e dólar desde a delação da JBS, o movimento das ações da empresa dos irmãos Batista amplia a volatilidade. Depois de despencar 31,3% na segunda-feira, e abrir em baixa de mais de 10% nesta terça, o principal papel da JBS fechou o dia em alta de 9,53%.
Apesar da reação parcial, o futuro da empresa e dos negócios reunidos em torno da J&F começa a preocupar. A empresa tem dívida pesada (veja gráfico acima). Para administrá-lo, contou com apoio de instituições públicas – BNDES, Caixa e fundos de pensão. Essa fonte secou.
Em busca de alternativa de financiamento, preparava-se para lançar ações nos Estados Unidos. Antes da revelação das gravações, havia anunciado a suspensão, diante da flutuação das cotações. A exposição fez com que lentes se focassem sobre os dados de balanço – e os que não aparecem.
Um empresário que conhece bem o grupo relata que sempre houve percepção de excesso de alavancagem (endividamento) e de ativos sobreavaliados. Sem acesso à obtenção usual de recursos, as empresas do grupo, na melhor das hipóteses, terão de passar por uma reestruturação.
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A essa altura, serão poucos os investidores dispostos a aportar recursos na empresa investigada em cinco operações da Polícia Federal, que negocia acordo de leniência com potencial de valor recorde. Para manter os negócios operando, os controladores podem vir a ser obrigados a vender partes não essenciais do grupo, especialmente as que foram desenvolvidas em paralelo ao setor de alimentos.
Na noite de segunda-feira, a JBS afirmou, em nota, que "operações continuam em ritmo normal" e "a empresa tem situação financeira robusta". O mercado se pergunta até quando.