Na segunda-feira, quando as ações da JBS despencaram 31,34%, analistas tentavam puxar pela memória quando havia sido a última vez em que uma grande empresa caía nessa proporção. O caso que veio à memória foi o da OGX de Eike Batista, cujo império se desmantelou quando se consolidou a percepção de havia sido construído sobre uma base pantanosa. Nesta manhã de terça-feira, as ações da empresa dos irmãos Joesley e Wesley tombam mais 10%, e o mercado se pergunta até onde chegará a desvalorização.
A JBS é diferente das empresas do outro Batista, que tinham mais expectativas do que ativos reais. A "maior processadora de proteína animal do mundo" tem frigoríficos, um grande mercado nacional e internacional, e vários negócios reais. O que os dois casos têm em comum é uma avassaladora crise de confiança. Na segunda-feira, os papéis da principal empresa do grupo J&F desmoronaram com a bolsa em queda. Nesta terça, o principal índice, o Ibovespa, ensaia uma pequena alta e a "destruição de valor" – como o mercado chama o fenômeno que está acontecendo com a empresa – continua.
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Investigada em cinco diferentes operações da Polícia Federal, a JBS ainda tem pela frente a negociação para fechar o acordo de leniência que, depois da recusa da empresa de pagar R$ 11,2 bilhões em 10 anos, pode embutir uma multa ainda mais pesada. Em nota distribuída na noite de segunda-feira, depois da baixa histórica nas ações, a JBS afirmou que "tem situação financeira robusta e confia na qualidade de seus produtos e serviços".