Se contado seis meses atrás seria difícil de acreditar. Com o fim de fevereiro, o câmbio se aproxima de R$ 3. Nesta quinta-feira, encerrou o dia cotado a R$ 3,056 – o menor valor desde maio de 2015.
São vários os motivos que pressionam o preço da moeda americana em relação ao real para baixo. E, justamente por envolver tantas variáveis é que nenhum economista prudente ousa garantir que o dólar continue nesse patamar por muito tempo.
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O mercado financeiro projeta câmbio próximo a R$ 3,30 até o fim de 2017, o que implicaria alta de 25 centavos em relação a hoje. Mas vem revendo para baixo as próprias estimativas semana a semana. Um mês atrás os mesmos analistas apontavam para taxa de R$ 3,40 em dezembro.
O banco Morgan Stanley foi além: reviu suas expectativas para o real no curto prazo e vê a moeda americana indo para R$ 2,95 no fim deste primeiro trimestre. Para o ano, o Morgan espera cotação de R$ 3,25 por dólar.
O que tem forçado tal revisão?
Dessa vez, o juro.
No Brasil, o Banco Central (BC) vem reduzindo a taxa básica de juro da economia em ritmo forte – na quarta-feira cortou em 0,75 ponto percentual, e a Selic foi de 13% para 12,25% ao ano. Mais do que isso, tem sinalizado intenção de manter nesse ritmo os próximos cortes. Na prática, estimula a retomada de investimentos.
No Exterior, o motivo da animação dos investidores também foi o juro, mas em sentido diferente. Foi a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) não subirá o juro americano em horizonte próximo.
Desde o início do ano, a moeda já caiu 6%, influenciada também por outros fatores. Entre eles, o preço das matérias-primas no mercado internacional, como aço e petróleo que mais valorizados acabam atraindo mais dólares.
*A colunista Marta Sfredo está em férias