Estamos tão habituados a ter só más notícias nos indicadores macroeconômicos que até uma ligeira desaceleração da inflação acende a nossa esperança. O aumento médio de preços, em fevereiro, desceu alguns degraus em relação aos meses anteriores, quando ficava sempre acima de 1%. Mas ainda é muito alto para um país em recessão profunda.
Diante da dificuldade de caracterizar a situação brasileira – o normal é ter queda geral de preços durante uma retração da atividade –, a saída é criar palavras. Então, no que diz respeito à inflação, a a situação despiorou. E é bom lembrar que, nos últimos 12 meses até fevereiro, a inflação acumulada chega a 10,36%.
A situação é semelhante na produção industrial. Na média nacional, havia sido apontado avanço discreto de 0,4% em janeiro. Nesta quarta-feira, com o anúncio dos números dos Estados mais relevantes, o Rio Grande do Sul apresentou um dos melhores desempenhos, com alta de 2,5% sobre dezembro de 2015.
O resultado animou até o desalentado Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi), que apontou “evolução um pouco melhor” no Estado. Entre novembro de 2015 e janeiro de 2016, a produção industrial gaúcha teve crescimento de 1% a 2,5% na série com ajuste sazonal – que anula distorções do calendário.
“Não deixa de ser uma boa notícia, porque a indústria do Estado foi uma das primeiras e das que mais sofreram no ano passado”, avalia o Iedi. É preciso lembrar que, na comparação entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016, o resultado ainda é de queda de 5,7%. Na avaliação da entidade, parte dessa reação, ainda que ainda titubeante e insuficiente, é resultado do ajuste do câmbio. Com o dólar rendendo mais reais, um Estado exportador como o Rio Grande do Sul consegue ao menos tomar certo fôlego.
A falta de entusiasmo com os resultados vem da observação do entorno da indústria. Muitas empresas seguem enfrentando dificuldades para administrar o dia a dia e há preocupação com a manutenção do cenário declinante do emprego e da renda das famílias.
Mas é a primeira vez em quase um ano que variações positivas surgem dos números da produção industrial. A mais recente havia sido em maio de 2015. Ou seja, toda cautela é recomendável depois do quadro traçado pelo detalhamento da queda no PIB em 2015, que apontou tombo de 14,1% no investimento – um dado desalentador, uma vez que sem projetos presentes, não há crescimento futuro.