Além de sinalizar um horizonte de dificuldades para diversos países – especialmente para o Brasil –, a desaceleração da China, que voltou a espalhar temores neste início de 2016, desestabilizando os mercados de capitais, está provocando uma mudança marcante no cenário global. O dragão asiático está cedendo o posto de economia com crescimento mais rápido para a vizinha Índia.
Os dados consolidados ainda não foram divulgados pelos dois países, mas, segundo estimativa do Banco Mundial, a troca na ponta já teria ocorrido em 2015 (confira no gráfico), e deve se manter neste ano e nos próximos. Projeção da Bloomberg prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) da China deve crescer 6,5% em 2016 – atrás, inclusive, de Vietnã e Taiwan –, ante 7,4% do vizinho asiático.
Mesmo com essa previsão, ainda é cedo para apostar que a Índia irá desempenhar o papel de novo motor da economia global, que por tanto tempo coube aos chineses.
Embora a aceleração do PIB conte uma história diferente, o segundo país mais populoso do mundo também está imerso em incerteza. Indicadores como confiança dos consumidores e intenção de investimento, por exemplo, estão em níveis mais baixos do que no passado.
O premier eleito em 2014, Narendra Modi, não tem conseguido reanimar a ânimo de empresários indianos e estrangeiros, principalmente pela dificuldade em aprovar no Parlamento medidas de ajuste econômico – déjà vu para os brasileiros.
Para completar o clima de dúvida, até o cálculo do PIB está sendo questionado. Uma mudança na metodologia poderia estar inflando o crescimento em até dois pontos percentuais, afirmam analistas.