Não se deve subestimar a possibilidade de ser só discurso, daqueles cheios de boas intenções que se fazem entre o Natal e o Ano-Novo. Mas o governo federal deu sinais, nesta terça-feira, de que está de fato disposto a pôr a mão na massa e tentar dar velocidade à resolução de problemas históricos do Brasil. Depois da transmissão de cargo dos dois novos ministros, Nelson Barbosa na Fazenda e Valdir Simão no Planejamento, foi anunciada uma reunião da equipe econômica na próxima segunda-feira, quando boa parte do país estará em recesso de festas, ampliado e disseminado pela crise.
Além de discutir o modelo da reforma previdenciária – se haverá fixação de idade mínima para aposentadoria ou uma versão progressiva da fórmula 85/95 –, devem entrar em pauta outros avanços em reformas sempre prometidas e nunca aplicadas, a trabalhista e a tributária.
Se não avançaram quando a base aliada votava a favor e a oposição, contra – hoje ninguém sabe quem está com quem –, no atual clima de guerra dos mundos do Congresso, a discussão desses temas será uma missão complexa. Pelo que adiantou o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, a ambição é restrita. No caso dos tributos, seria uma simplificação, no caso da legislação trabalhista, a intenção seria autorizar a livre negociação entre empregador e empregadores. Completariam o pacote algumas medidas de desburocratização.
Neste momento, Dilma acumula vitórias políticas e institucionais. Ontem, conseguiu até uma semirreviravolta – porque ainda não está completa – no caso das pedaladas, seu principal calcanhar de aquiles. Se quiser ter chance de completar o mandato precisa, de fato, acelerar. Se não fizer nada, tudo piora. E se piorar, o prazo encurta.