Entre o terror em Paris e o horror de Mariana e do Espírito Santo, houve um discreto sinal positivo nestes dias impactantes. Depois da fase em que só sofria derrotas no Congresso, o governo federal conseguiu vitórias na manutenção dos vetos ao reajuste de todos os benefícios do INSS pelo mesmo índice do salário mínimo e ao aumento salarial dos servidores do Judiciário. Só o último ponto teria impacto estimado em R$ 36 bilhões nas contas públicas até 2019.
Não se trata de torcer pelo aperto para os aposentados – quem não gostaria de ter a perspectiva de um benefício mais gordo no futuro? – nem do arrocho para os servidores da Justiça. Como dizem os economistas, o mérito dos projetos não embute a solução para seu financiamento.
Mais provavelmente pelos motivos errados do que pelos certos, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse nesta quarta-feira que a análise do impeachment de Dilma Rousseff ficará para 2016.
Se é frustrante para quem não se sente representado pelo governo eleito, a perspectiva de que o Planalto volte a governar e a tomar decisões – sempre se espera que acerte, da próxima vez – é boa notícia. Ainda que aos trancos e barrancos, o ajuste avança. Ou, ao menos, não desanda por futrica política.
Até a cadeira do ministro da Fazenda parece ter perdido temperatura nos últimos dias. Nesta quarta-feira, ao comentar a especulação de sua suposta torcida contra Joaquim Levy e a favor de Henrique Meirelles, o ex-presidente Lula disse que o nome do ocupante do cargo é “problema” da presidente Dilma.
Curiosa escolha de palavras, mas ao menos Lula não jogou gasolina no fogo que cerca a pasta. A crise política e a crise econômica ainda estão muito longe de soluções. Mas uma trégua e a perspectiva de que algo pode parar de piorar são bem-vindas. Adicionada à expectativa de uma elevação gradual do juro nos Estados Unidos, poderia fechar um pacote para um Natal menos tenso.