A figura aí de cima chama-se Tiago Boff. Na agenda de seu celular, um iPhone 6 com a tela quebradinha num canto, há dezenas de telefones pessoais de ministros, governadores, personalidades, artistas, celebridades e outros números valiosos.
Por WhatsApp, o jornalista conversa, com muita educação, mas com imensa naturalidade, com essas fontes ilustres. O celular do Tiago vale muito. Mas ele vale muito mais.
Formado há três anos pela PUCRS, Tiago hoje é o mais talentoso caçador de entrevistas quase impossíveis da RBS. Produtor dos programas Atualidade e Timeline, líderes de audiência da Gaúcha, transborda seu trabalho para as páginas de Zero Hora e, obviamente, para o produto digital GaúchaZH. A repercussão do seu trabalho desconhece limites geográficos: nesta semana, a entrevista com a desastrada ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, que reivindicava R$ 61 mil por mês, alegando necessidade de estar bem vestida, bem maquiada e bem calçada, foi parar no Jornal Nacional, por exemplo. Tiago pauta a Gaúcha, pauta Zero Hora e, não raro, pauta o Estadão, a Folha, o Globo, o Jornal Nacional.
– Ele é habilidoso em convencer as pessoas. É educado, polido, mas não desiste. Pode levar um ano, mas ele traz – elogia Cyro Silveira Martins Filho, gerente de Jornalismo da Gaúcha.
Luciano Potter, do Timeline, explica a tática do Tiago:
– Ele é um conquistador de pessoas. E só usa o WhatsApp para isso. Para conseguir a entrevista com Faustão, ficou mais de um ano insistindo. Mais de um ano!
Kelly Matos, também do Timeline, lembra que o talento e a persistência do produtor são elogiados até pelos entrevistados:
– O ministro Alexandre de Moraes, do STF, chegou a falar no ar "eu não posso encerrar essa entrevista sem antes elogiar a persistência do Tiago Boff. Mas não vou dizer que estou à disposição, senão o Tiago já vai me encher de WhatsApp". O ex-senador Delcídio do Amaral ficou amigo do Tiago a ponto de escrever para ele perguntando como ele está, e desabafando quando acontece algum grande escândalo de corrupção!
As conversas no WhatsApp do Tiago são uma delícia. Olhem, por exemplo, a resposta do ex-ministro Geddel Vieira Lima, depois que o jornalista lhe manda beijos, sem querer.
O caso do ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira foi tenso. Um site publicou que Ferreira tinha sido preso pela Lava-Jato. Imediatamente, Tiago olhou no WhatsApp de Ferreira e viu que ele estava online – portanto, não deveria estar atrás das grades.
–Perguntei por Whats se o ex-tesoureiro topava uma entrevista naquele momento. Ele topou e o colocamos no ar. Minutos depois, a Polícia Federal liga para a Kelly Matos querendo saber onde estava o Paulo Ferreira, porque havia um mandado de prisão contra ele. Era um foragido, e estava no ar conosco! – conta Tiago.
O segredo para conquistar as pessoas? Tiago revela aqui:
– A fonte não pode se sentir pressionada ou entediada. Pedidos de entrevista há aos montes, mas muitas vezes uma brincadeira do tipo "fiquei com ciúme que o senhor não me atendeu" ou "não me xinga, eu acordo cedo mesmo" soa mais leve do que um convite burocrático. Se eu arrancar uma risada do outro lado da linha, significa que o público acabou de ganhar uma ótima entrevista.