Quem critica a passagem de Paolo Guerrero pelo Inter usando apenas os números, não está sendo justo com o peruano. Sua média de gols nestas três temporadas pelo clube colorado é bastante expressiva, superando inclusive as obtidas por ele por Corinthians e Flamengo. O que pesa no debate envolvendo a provável saída do centroavante são outras questões.
Guerrero precisa de 155 minutos para fazer um gol pelo Inter. No total, o camisa 9 soma 31 gols em 61 jogos, além de ter dado três assistências. Ele foi o artilheiro do time em 2019, balançando as redes 20 vezes e, mesmo ficando de fora por quase toda a temporada de 2020, foi o terceiro artilheiro da equipe, com 10 gols.
Ora, se o Inter conta com um atacante tão efetivo para as estatísticas, e que obviamente carrega uma grife internacional, por que existe um contentamento e até uma parcimônia da torcida colorada com sua saída? Sentimento este muito explícito nas mensagens que chegaram pelo WhatsApp da Rádio Gaúcha, durante Juventude x Inter, pelo Gauchão.
Gols decisivos, protagonismo em Gre-Nais e o custo-benefício talvez sejam os três grandes pontos que jogam contra Paolo Guerrero no Inter, sustentando a tese de torcedores colorados de que o peruano não fará falta caso realmente encerre seu ciclo. Sair da lógica dos números e entrar na interpretação dos dados parece ser a melhor forma de entender o caso Guerrero.
No dia 12 de agosto de 2018, o Inter anunciava Paolo Guerrero como seu novo reforço. Contrato de três temporadas e um pacote de vencimentos de R$ 500 mil mensais. Onze dias depois, o jogador teve seu efeito suspensivo revogado pela justiça da Suíça por conta de um caso de doping. O resultado foi uma pena de oito meses sem poder atuar, frustrando sua estreia com a camisa colorada.
Guerrero só pôde estrear pelo Inter em abril de 2019, fazendo gol inclusive, na vitória por 2 a 0 sobre o Caxias pelo Gauchão. Outro período longo que o peruano ficou afastado ocorreu no dia 16 de agosto de 2020, na derrota para o Fluminense pelo Brasileirão. Ele sofreu uma lesão no ligamento cruzado do joelho direito, ficando fora por sete meses.
Ou seja, dos cerca de 33 meses que Guerrero está no Beira-Rio, em 15 ele esteve indisponível para atuar pelo Inter. Fato este que pesa na hora de pensar no custo-benefício de um jogador de 37 anos. Seu contrato com o clube vai até dezembro de 2021.
Outro ponto observado pelos torcedores é que Guerrero ainda não conseguiu fazer gol no principal rival do Inter. Em oito Gre-Nais disputados por ele, o time sequer venceu: foram três empates e cinco derrotas. Atrelado a isso, estão as oportunidades, de certa forma desperdiçadas pelo centroavante, de ser protagonista. Nas finais do Gauchão, contra o Grêmio, nas quartas de final da Libertadores, diante do Flamengo, e nas decisões da Copa do Brasil, contra o Athletico-PR, tudo isso em 2019.
Paolo Guerrero eleva o reconhecimento internacional para o Inter. Afora isso, ele fez muitos gols pelo clube e até conseguiu ser um dos ídolos dos torcedores. Em condições normais, era o peruano que deveria suceder o carinho e a liderança deixados por D'Alessandro. A pergunta que surge é: ainda há tempo e ambiente para ele ficar e fazer história no clube?