Fui em um restaurante onde o garçom me explicou sobre o ponto da carne anunciando o seguinte:
— Aqui seguimos o ponto gaúcho, um pouco menos passado que o ponto tradicional.
Buguei.
Ora, por que alguém iria mudar a lógica do ponto da carne? A tabela de medida internacionalmente posta para se curvar ao gosto de alguém específico? Se o “ponto do gaúcho” é mais malpassado, logo temos uma preferência de ponto para menos e não uma nova classificação de ponto da carne.
Bem, essa introdução é apenas um exemplo de como é chato querer impor ao outro uma nova condição para questões já consolidadas. Não sei se por necessidade de afirmação ou por ser diferentão mesmo. Mas como isso tem se tornado comum.
As roupas não seguem mais padrão. Sapatos também não. Se não provar, melhor não levar para casa.
– Ah, depende da confecção. Vão dizer a eles.
Bah... em que dia decidiram que P, M, G, GG, XGG não servem mais para definir a mesma coisa? Será tão difícil mesmo seguir uma tabela e todo mundo produzir do mesmo tamanho, de acordo com a referência da etiqueta?
A luta das cores eu já perdi. Agora rosa tem mais de um nome. Bege também. Até o branco agora pode não ser apenas branco. Eu fico tentando entender a lógica mercadológica que talvez explique essas variações.
Mas voltando à gastronomia, queria destacar aqui que essa área é onde as mudanças mais me abalam. Para um guri criado em Caxias do Sul, é muito estranho comer xis e ele vir prensado. Bauru é filé com molho em cima.
Mas essa regionalidade em ter um nome diferente dependendo do lugar, embora estranha, ainda é entendível.
O que não dá para entender é mudar o ponto da carne. Ponto é ao ponto. Malpassado é malpassado. Bem-passado é jogar carne fora.