Cheguei à conclusão de que o melhor do mundo são as crianças. A ingenuidade do pensamento, a espontaneidade da infância e aquela alegria que é realmente genuína. Eu tenho um sobrinho que passou seis dias comigo e com o Eduardo. Ele se chama Bernardo e tem oito anos. Aproveitamos o feriadão para fazer várias coisas juntos, mas, independentemente de qualquer passeio, o melhor foi ficar esse tempo todo grudados.
Tive a experiência de ficar “de olho no guri” 24 horas por dia: imaginei que teria que cuidar a hora de escovar os dentes, ir pro banho, comer, tomar água, passar protetor solar, dormir, largar o celular... E todas as outras tarefas da rotina. Só que eu fui surpreendido pela autonomia que eu imaginava que uma criança não seria capaz de ter.
Nessa idade, apesar de depender menos dos adultos, ainda resiste a infância e tudo que ela carrega. Como é bom conversar sobre um assunto sério, da nossa rotina, com quem ainda não carrega a complexidade de problemas de quem já cresceu. Eles têm cada tirada!
Até tinha planejado escrever sobre outro assunto nesta semana. Queria falar sobre o quanto o Natal é capaz de transformar a gente. Mas fui atropelado por uma transformação pessoal que tornou impossível eu não escrever sobre isso. Conviver com uma criança me fez repensar muitas coisas.
Na segunda-feira à tardinha fomos jogar bola numa pracinha perto de casa. Foram quase duas horas entre chutes e umas cuias de chimarrão. Anoitecemos na rua. Quando estávamos caminhando até em casa, fiquei olhando pra ele. Bernardo caminhava segurando a bola nos braços. Todo suado, cansado de brincar. Me dei conta que mudei completamente a minha rotina pra me adaptar aos desejos dele, criar boas memórias e deixá-lo feliz.
Afinal, que outra função – tio, padrinho, pai, mãe, avós – poderia ser mais importante na vida de uma criança se não pavimentar o caminho pra um sorriso?
Nessa relação entre adultos e crianças, todos ganham. Pra nós, eles entregam a esperança de que tudo pode ser melhor amanhã. Eu estou convicto de que a próxima geração vai ser melhor do que a nossa.
Queria eu ter a oportunidade de conviver ainda mais com ele. Porque quando a vida parece dura demais... Relaxa! Nada cura mais do que passar um tempo com quem não se importa com nenhum desses problemas de gente grande.