Quando a informação sobre a presença do ministro Teori Zavascki a bordo de um King Air que caíra no mar de Paraty chegou à redação de ZH, a primeira reação foi de perplexidade, seguida da pergunta: qual a fonte da informação? A origem sempre foi um importante indício de veracidade de um fato, por mais espantoso e surpreendente que possa aparentar, mas agora um fenômeno típico do mundo das redes sociais está virando de cabeça para baixo esse princípio básico da busca da verdade.
O compartilhamento de notícias via redes e aplicativos de mensagens caminha para se tornar o principal mecanismo de disseminação do conhecimento e de informações do planeta. E é exatamente aqui que reside um sinistro efeito colateral não vislumbrado pelos pioneiros da web.
Os difusores de mentiras e desinformações se alimentam da credibilidade de quem compartilha um conteúdo com a melhor das intenções. Afinal, quando um parente, amigo ou colega de trabalho e escola divide um conteúdo que chamou sua atenção ele avaliza de bom grado o que é partilhado. E, em tese, não haveria por que desconfiar do que é endossado de boa-fé por um parente ou amigo.
O problema é que os difusores de falsidades e golpes online sabem que pouca gente se preocupa com a fonte original da notícia. Outro detalhe: para acelerar o repasse de notícias falsas, as fábricas de mentiras costumam recorrer a teorias da conspiração - sempre mais excitantes que os banhos de água fria da verdade e dos desmentidos -, apregoando que determinada informação é ocultada do público pela ciência, por órgãos responsáveis ou pela imprensa por interesses inconfessáveis.
Foi assim, por exemplo, que o Brasil viveu um frenesi coletivo com a tal pílula do câncer, a fosfoetalonolamina, cuja publicidade sobre supostos resultados milagrosos se escorava na combinação de uma teoria da conspiração (grandes laboratórios e médicos contrariados) com o desespero pela cura do câncer ao alcance da mão. A pressão das redes acelerou tanto a desinformação que a pílula passou por cima da ciência e órgãos médicos, chegando a ter seu uso aprovado por dois poderes da República até cair no STF.
Para deixar de ser um instrumento de repasse de informações falsas, basta desconfiar de notícias espetaculosas e adotar um cuidado simples das redações: qual é a fonte original? Uma procura na web pode ajudar nisso. Se não for um veículo profissional de reconhecida credibilidade que faz da busca da verdade o seu negócio e maior patrimônio, é bem provável que se evitará mais uma mentira ou distorção espalhada pelo mundo.