Parece estranho, mas os corajosos odeiam Gre-Nais. Os falsos e garbosos gritões que bradam nos bares e redes que "nada como um Gre-Nal para arrumar a casa" são, como escrevi, falsos. E garbosos. E metidos. Gre-Nal é uma desgraceira, porque existe a possibilidade considerável de derrota. Me agarro nas estatísticas.
Por exemplo: jogar em casa é vantagem. "Ah, mas já ganhei Gre-Nal fora de casa!". Estou a escrever sobre probabilidades, rapaz. Acalme-se.
Favorito para o Gre-Nal, geralmente, é o dono do estádio. O problema é que a lembrança nos engana. Porque nossa memória é cheia de feitos relevantes no maior clássico do Brasil. Todo mundo goleou, venceu com um jogador a menos de virada, foi feliz com um time pior do que o coirmão. Mas, lamento informar, são exceções. O maior jogo do Brasil segue um padrão. O padrão mais óbvio possível do futebol: o melhor vence muito mais do que perde. Principalmente quando o solo da peleia é seu.
E assim chegamos ao primeiro confronto de Inter e Grêmio na história da competição com o nome de competição mais lindo do mundo: Libertadores da América. Quem vence nesta quinta? Sem se desgarrar da estatística? POSSIVELMENTE, o Grêmio. Time com engrenagem feita há mais tempo, com Everton e Matheus Henrique, com Geromel e talvez Kannemann (zaga essa invicta no clássico), com uma estátua como treinador há anos e o jogo é na Arena. O Colorado só venceu um clássico jogando lá. Virada de Rafael Moura. Os números, portanto, são tricolores.
"Mas se estatística ganhasse jogo, o campeonato de matemáticos acabaria empatado". Não sei se o Guerrinha falou isso, mas marquem como frase dele.
Aparentemente, há algo de novo no reino vermelho. Parece estar surgindo uma novidade positiva na casamata colorada. Coudet vem mostrando ideias interessantes, de alguma forma o grupo tem compreendido. Mas é começo de trabalho. Críticas e pouco tempo de laboro são realidades, e o argentino sabe disso. Só que grandes viradas de gangorra começam em Gre-Nais. Lembro de um 2 a 1 no Olímpico com Muricy na beira do campo. Era 2004.
Se Coudet não sabe disso, gritem para ele agora. Revoluções só acontecem, no Sul do Brasil, se você vencer Gre-Nais. Não há outro jeito, outra maneira, outro mapa para o pote de ouro. Que, de alguma forma, pode estar escondido no Humaitá nesta quinta-feira histórica. Ache-o, Chacho! Esse ouro é de quilate superior. E arrebentaria estatísticos de plantão.