Esse é o resumo do segundo jogo do Brasil na Copa da Rússia. E o seu pai precisa lhe falar uma verdade, não espalhe: ele torceu pelo Brasil como se fosse o Inter hoje. Você vai saber que torcer para um clube de futebol é diário. Para a Seleção é esporádico. É que seu pai virou aqueles jornalistas bobalhões e bodosos que são tão críticos, mas tão críticos que não conseguem mais torcer pelo Brasil.
Na verdade, isso é paixão. Eles – nós, desculpa - querem tanto que o Brasil encante o mundo que são rabugentos mesmo. Seu pai virou esse tipo de chato. Culpa total dele e você está notando isso agora? Ele está se definindo em terceira pessoa. Um balaqueiro, meu filho!
Mas hoje seu papai se emocionou com o Brasil. Principalmente pelos ingredientes que a partida teve no segundo tempo. A Costa Rica, esse pequeno país da América Central, fez o cai-cai, fez cera, fez de tudo para não ter jogo. E foi punida com os gols brasileiros. Berrei, cantei as novas canções que brasileiros estão ecoando aqui em 2018. E seu pai confessa, Federico: falou um monte de palavrão.
Xingar árbitros de futebol faz parte do ambiente esportivo. Não é tão ruim assim. Eles sabem disso. Faz parte do trabalho deles. Então você, daqui uns anos, poderá gritar FDP, VTNC e outras coisas mais. Relaxe, extravase, mas sem excessos, por favor. As veias do pescoço do seu pai saltaram hoje, nos gols, no pênalti que o VAR voltou atrás (Neymar, meu filho, terá que aprender a jogar com esse árbitro de vídeo que mostra tudo...).
Por isso, meu filho, a grande lição de hoje é o que a Seleção fez. Lute, insista, tente, mude o time se precisar, ache outras alternativas. A sua vida será essa metáfora. E é exatamente por isso que tirei essa foto de você aqui no estádio. Essa tarde russa, manhã brasileira, como quase toda partida de futebol, ensinou algo. É muito mais legal quando a vitória é merecida. E suada.
Potter está na Rússia para cobrir sua terceira Copa do Mundo. De lá, ele mandará cartas ao filho, Federico, que tem três meses e ficou no Brasil. Acompanhe as cartas aqui na coluna.
