Olhando o vídeo dos brasileiros enganando a moça russa, pensei pela primeira vez na vida que preciso criar bem o Federico. Criar é uma bela palavra. Foge um pouco do sentido original do verbo. No Alegrete se falava que aquele cara era bem criado. Aquela moça foi bem criada. Achava bonito isso.
Era um prazer ouvir isso também, seu Luis Nei e Dona Marlene (meus pais). Ainda criança, pedir licença para entrar na casa do amiguinho, os pais dele sorrirem e elogiarem a educação, fechar a boca para comer, não gritar, lavar as mãos e tentar sorrir sempre porque esse passaporte é imbatível. Foi uma boa infância, com mais "nãos" do que "sims", porque não tem outro jeito de criar bem.
Pois agora tenho um filho. Chegou a minha vez. E assim pensei nos pais dos rapazes do vídeo. Certamente a mãe de um deles deve ter ligado para o filho. "Fulano? Que história é essa que a Lurdes estava falando agora? Um vídeo seu cantando um palavrão com uma loira? Não entendi direito."
Depois ela deve ter compreendido e deve estar recebendo ligações arrependidas do filho. Acho que vou falar isso para Federico. Pense sempre nos seus pais. Pense na vergonha deles. Pense que eles limparam suas fraldas sujas, que mal dormiram com sua tosse, que continuarão se dividindo junto contigo nas suas angústias, dores, temores, que você nunca estará sozinho.
As mães desses rapazes os perdoarão, os darão uma carraspana e eles sentirão o terror que é desapontá-las. A punição deles será maior que os xingamentos maternos, com certeza. A internet colabora para isso. Mas saiba, Federico, que respeitar seres humanos é a coisa mais legal que você pode carregar. Gentileza e cuidado voltam. Demoram, às vezes, mas voltam. E o mais importante, acalentam a sua índole, o seu caráter.
Olhando para esse seu rostinho redondinho é impossível imaginar que esse bebê lindão um dia possa virar um idiota adulto. Até lá, estarei por perto.