
Que coisa mais chata é o sujeito dono da razão. O cara que estraga o chope dos parceiros. Todo mundo ali, cheio de razão, meio ébrios, e o cara ali, noutra galáxia. Querendo falar sério, se achando o máximo e destruindo a energia positiva de um encontro com amigos que só querem estar certos e errados ao mesmo tempo.
Eu sei, você tem um amigo assim e está louco para encaminhar esse vídeo para ele — mas vai mandar naquele outro grupo de WhatsApp criado por vocês, com todo mundo menos ele.
Vamos a uma notícia recente: pesquisadores da USP, UFRGS e da Universidade Federal de Juiz de Fora encontraram genes apenas em médiuns. Sim! Exatamente isso. Pegaram 54 médiuns e 54 parentes de primeiro grau deles. E encontraram um gene específico só nas pessoas que dizem escutar vozes dos que já se foram ou que recebem mensagens e psicografam elas.
Está provado. Eles nunca mentiram.
Calma. Sem certezas absolutas.
Pesquisadores dizem que a pesquisa peca pelo “viés de confirmação”. Tipo: os pesquisadores queriam provar isso de qualquer maneira e esqueceram alguns elementos importantes, como os médiuns só foram classificados como tais porque dizem ser isso. Não há algo que comprova isso cientificamente, entende? Os pesquisadores dependiam da certeza deles.
Já voltamos atrás, né?
É a vida real.
Poxa vida: pesquisadores renomados. Universidades sérias. Ninguém está brincando em serviço ali. Os outros pesquisadores querem respostas apenas. Não são contrários ao estudo. Só querem mais certezas.
É um bando de gente inteligente e sagaz procurando respostas. São cientistas. E eles, ali no círculo deles, divergem. Bonito isso!
Mas é a vida real (perdão por usar "real" agora… porque vá saber…). Já vi um médium em ação. Foi emocionante. Pareceu tudo muito real. Fui pra casa tendo “certeza absoluta”. E foi isso que contei na mesa do bar. Não quis avançar tanto na mesa entre chopes. Só quis contar o que vi. Não abracei nenhuma causa ou verdade.
Mas o chato largou certezas. Se encheu de razão e não pensem vocês que ficamos bravos com ele. O chato dá um tempero. Ele é necessário.
E você? Você é tipo aquele menino do filme… (colocar cena do filme "The Sixth Sense")? Ou você, como eu, já viu gente recebendo gente? Ou você tem certeza de que tudo isso é bobagem?!
Eu fico com um mestre gaúcho. Ele, em algumas frases, definiu como devemos pensar em assuntos do além:
Desde guri fui assim
Não brinco nem facilito
Em bruxas não acredito
Pero que las hay, las hay
Jaime Caetano Braun ensina que, nesse mundo em que até cientistas pelejam pela verdade absoluta, que pode cair logo ali num próximo estudo, melhor do que certeza, é prudência.