A compra para ver o Coldplay foi pela internet, imprimi a entrada em casa, tudo aconteceu certinho e lá estava eu no Levi’s Stadium, em Santa Clara, cerca de uma hora de carro de San Francisco, para ver a banda que mais leva multidões aos seus shows. (Algo que queria dividir com vocês: tardiamente aprendi como se fala o nome da marca de calça jeans: "levais" e não "lévis").
Você sabe que o Coldplay toca em Porto Alegre neste sábado. E você sabe que não há mais ingressos. Eles esgotaram no primeiro dia, algo ímpar na história da Capital (estou falando de show para 50 mil pessoas ou mais). Principalmente em um semestre impressionante na história de Porto Alegre no quesito "shows internacionais". Esta segunda metade de 2017 é a que pilhas de artistas estrangeiros já tocaram na cidade da estátua do Laçador. Bon Jovi, The Who, Pet Shop Boys, Paul McCartney, John Mayer, Green Day.
Vamos responder perguntas que me fiz e que outras pessoas fizeram quando eu mostrava partes do show nas minhas redes sociais. O que queremos saber é "como vai ser em Porto Alegre?".
Conversei com os produtores do evento que garantiram que tudo o que vi aqui na Califórnia vai ser apresentado na Arena. E até um pouco mais. Perguntei o quê e pediram para guardar segredo.
Teremos efeitos especiais?
Sim. Os telões são gigantes. Um central e dois laterais, inteligentemente mais apontados para as arquibancadas, para o povo ter uma visão melhor. As telas servem para mostrar a banda ou usar clipes meio psicodélicos, que combinam com o mais recente álbum da banda. As roupas deles fazem parte do clima, também. Papéis picados em forma de borboleta surgem a todo momento para quem assistir ao show na pista. Nos EUA, eles colocam cadeiras na pista. Todo mundo sentadinho, bonitinho. No Brasil, será diferente, com o povo da pista em pé. Como deve ser, aliás. Fogos de artifício que saem atrás do palco também explodem em momentos sincronizados de músicas mais aceleradas. Outra atração lindona de ver são as pulseiras. A maioria do público a ganha na entrada. São grandes, brancas e piscam luzes coloridas conforme o técnico da banda decide. Deixando o estádio todo interligado e fazendo você apontar seu celular também para o público e não só para a banda. É um efeito que a banda usa há um bom tempo. E é sempre muito bonito.
Consegui um e tirei esta foto. O fã da banda conhece todas e canta todas, claro. Mas para quem curte Chris Martin apenas porque ouviu na rádio, no churrasco dos amigos ou na festa de fim de ano da firma, a lista vai deixar você feliz da vida. Todos os grandes hits da banda estão ali. Alguns exemplos: Clocks, Yellow, In My Place, Fix You, todos os do álbum mais recente (A Head Full of Dreams) e Something Just Like This, parceria da banda com The Chainsmokers, que não para de tocar em tudo que é canto (curiosidade: essa parceria marca a segunda vez em que a banda chega à primeira posição na lista da Billboard de músicas pop mais executadas nos Estados Unidos. A outra vez foi em 2001, com Yellow, do primeiro álbum). Resumindo: são mais de duas horas de show e 21 canções.
Como é o palco?
Bem grande, com uma passarela que vai até metade da pista. Chris Martin se mexe bastante. Fica muito mais só com o microfone, correndo e dançando, do que com violão ou piano. O resto da banda parece composta por barões ingleses educados que se mexem pouco. Em dois momentos, o quarteto se movimenta por inteiro. No primeiro, algumas músicas mais calmas são tocadas na pontinha da passarela. E na volta do bis, um outro palco, bem íntimo, sem bateria, é montado no final da pista. Fique no lado direito (perspectiva da plateia) para ver melhor.
É uma banda com vontade de tocar ainda?
Muito. Essa é uma sorte de Porto Alegre. Estamos para receber uma banda ainda no seu auge de criatividade. Não é um show caça-grana (apesar de eles saírem ainda mais milionários depois de cada gira mundial). Há todo um cuidado para os dezenas de milhares enxergarem bem o show. Chris Martin conversa com a plateia, faz piadas, comenta coisas do momento (na Califórnia, lembrou da matança em Las Vegas, brincou sobre Trump e lamentou a morte de Tom Petty, por exemplo). Teve um momento em que um menino da plateia, com seus 20 anos, subiu ao palco pequeno, no fundo da pista e tocou piano para Chis, com sorriso largo, cantar. Certamente a banda sabia que ele mandava bem no instrumento. Aguardemos o que acontecerá na Arena. O momento criativo se mede pelo número de hits novos que são entoados pela banda e pelo público. Esse último disco tocou e toca muito no Spotify e nas rádios. E o Coldplay sabe muito bem usar isso a favor, claro.
Será o maior show da história de Porto Alegre?
Não sei, porque não fui a todos. E show é algo particular – o lugar que você viu, com quem você estava, se bebeu demais ou de menos, muitas particularidades. Mas, em tamanho de estrutura, certamente será um dos maiores (o último de Roger Waters, no Beira-Rio, também foi gigantesco). Para ter todos os efeitos especiais, um palco gigante, telões ainda maiores, tudo isso, a banda precisa movimentar mundos. Se tudo que você precisa para ter um show da vida é saber cantar quase todas as músicas, ter efeitos especiais delicados e bem escolhidos, além de uma banda com vontade de estar no palco, a resposta para a pergunta pode ser um sim. Você é o sortudo que garantiu ingressos para este sábado?!
Vá de alma leve. Será uma noite inesquecível, mesmo.
O Coldplay garante.