O ato do Grêmio ao comprar 30% da dívida da Arena Porto-Alegrense é um movimento no tabuleiro de xadrez que virou a relação com a gestora do estádio. A partir da aquisição do percentual da dívida que havia com o Banrisul, o clube se coloca nos dois lados da relação com o estádio. Explico.
O negócio da Arena precisa ser entendido da seguinte forma: a superfície, que é o contrato de 20 anos da gestão do estádio, em vigor desde 2012, e a propriedade, que envolve a troca de chaves do Olímpico. O que não é feito pelo Grêmio, entre outros motivos, pela ausência das obras no entorno da Arena.
O clube não quer fazer a troca e pagar o mico de assumir as intervenções no bairro Humaitá que deveriam ter sido feitas há uma década. É nesse ponto da propriedade que está o movimento do Grêmio em comprar 30% dívida bancária da Arena.
A OAS tinha R$ 226,3 milhões de dívidas com Santander, Banco do Brasil e Banrisul. As instituições financeiras entraram na Justiça cobrando o pagamento, e o estádio chegou a ter a penhora solicitada.
Um grupo de investidores comprou as dívidas com Santander e Banco do Brasil e pretendia assumir a gestão do estádio. Pagou R$ 40 milhões. Ao comprar a dívida com o Banrisul (segundo o colega Jocimar Farina, por R$ 20 milhões), o Grêmio passa a ter voz na mesa de conversas com esse grupo de investidores.
Segundo Eduardo Magrisso, integrante do Conselho de Administração, o clube se posiciona agora em ambos os pontos da relação com a Arena, tanto na questão da superfície quanto na da propriedade. Uma jogada estratégica.