Há técnicos que parecem nascidos para comandar um time. Renato é o caso no Grêmio, Gallardo, no River. No Peñarol, esse cara é Diego Aguirre. Ele fez o gol do último título da Libertadores, em 1987, no último minuto da prorrogação do jogo extra. Em 2011, La Fiera, como é conhecido no Uruguai, voltou como técnico e levou o Peñarol à final, perdida para o Santos de Neymar e Ganso.
Desde lá, o clube jamais passou da fase de grupos. Até este 2024. Aguirre está a um empate contra o Flamengo, na noite desta quinta-feira (26), de colocar os carboneros na semifinal.
Os dias no CT de los Aromos são de sonho. Há um entusiasmo alimentado por confiança depois do 1 a 0 no Maracanã. Em entrevista à Rádio 890, o presidente do Peñarol, Ignacio Ruglio, compara Aguirre com Roque Máspoli, goleiro da Celeste no Maracanazo, em 1950, e jogador e técnico histórico.
Há uma lenda corrente entre os torcedores de que Máspoli era tão ligado ao Peñarol que, quando o time perdia, virava de costas para o campo e tudo mudava. "Tenía culo", numa tradução rápida, "tinha rabo". O mesmo se fala de Aguirre. Ao seu estilo, sempre discreto, ele costuma corrigir: "Minha sorte começa a trabalhar sempre às 8h".
O sucesso no Peñarol representa a retomada da carreira de Aguirre depois da frustração com a seleção uruguaia. Em 2021, quando estava no Inter, o cargo na Celeste ficou vago com a saída do Maestro Óscar Tabárez. Sempre se teve como natural no país que Aguirre seria o eleito quando Tabárez deixasse o cargo.
Porém, a AUF abriu processo de seleção e chamou para entrevista Cacique Medina, Aguirre e Diego Alonzo, que acabou eleito. A decisão impactou Aguirre. Ele só voltou a trabalhar em maio de 2022, no Cruz Azul. No ano passado, esteve no Olimpia e saiu antes do confronto com o Flamengo, nas oitavas. Cinco meses depois, seu retorno ao Peñarol foi anunciado. Era La Fiera despertando outra vez.