Confesso que ainda estou impactado pelo que vi em Palmeiras 2x2 Botafogo nesta quarta-feira (21). Pelo roteiro do jogo, claro, mas mais ainda pela projeção ao comparar com aquilo que vemos de Grêmio e Inter a cada domingo.
Havia algum tempo, dizíamos que o futebol jogado na Premier League e em boa parte dos jogos da La Liga parecia outro esporte. O que me impacta é que, agora, essa mesma impressão é percebida quando vemos o Botafogo, o Palmeiras e o Flamengo nos seus dias bons. O Fortaleza e o Bahia, em um grau menor, também estão um nível acima na rotação de seu jogo em relação aos nossos times.
O campo reflete o que acontece fora dele, na gestão, no modelo de negócio, no planejamento e na definição de um conceito de jogo. Neste ano, tivemos a inundação e todos os prejuízos que ela trouxe – físicos, financeiros e emocionais. Porém, mesmo sem o desastre de maio, o quadro se alteraria pouco. Viramos segunda página, é duro admitir, mas é preciso.
Exemplo
Vamos pegar o exemplo do Botafogo. Há um plano estratégico claro ali, de investir pesado em jovens jogadores afirmados e na formação de talentos, tudo alicerçado por uma gestão profissional. Matheus Martins, Luís Henrique e Almada foram buscados para ganhar fôlego aqui e serem vendidos ali na frente. Antes, porém deixarão resultados técnicos.
Usemos o Grêmio como paralelo. Gustavo Nunes acaba de ser vendido sete meses depois de surgir e sem nem chegar a ser titular. É o modelo de negócio do Grêmio desde 2016. Assim o clube vem se mantendo. Só que agora a concorrência joga mais pesado.
O Botafogo buscou nomes jovens e caros e montou um time intenso, agressivo. O Grêmio usa sua base para formar e vender, mal dá tempo para que se afirmem e virem ídolos. O clube, nesta janela, até fez movimento garimpando promessas como Monsalve, Aravena e e Arezo. Porém, seu modelo de negócio usa mais a porta de saída do que a de entrada do vestiário. O campo começa a cobrar uma revisão na forma de pensar o futebol aqui na ponta sul do Brasil.