Será uma final e tanto, de dois técnicos que se conhecem bem. Ironicamente, Renato sucedeu Roger nessas duas últimas passagens pela Arena. Em ambas, deu sequência a um trabalho. Principalmente, na primeira, multicampeã. Ali, aperfeiçoou o que Roger tinha deixado e engatou a série mais vitoriosa da história recente do clube. Há uma linha de montagem de time que aproxima os dois. Vamos lá.
Se olharmos Grêmio e Juventude, ambos estão construídos com jogadores de características parecidas. Vou frisar aqui: não é comparação técnica, é de característica. Ambos apostam em laterais agressivos no ataque, um tripé no meio-campo, extremas de velocidade e um centroavante de referência.
Os comportamentos são distintos, isso é o que diferencia os dois times. Roger reencontrou o rumo no Gauchão bancando um time com alicerce físico. Iniciou sua retomada contra o Guarany, em Bagé, goleou e fez desse jogo seu resgate. Contra o Inter, um adversário dominante com a bola, adotou a estratégia de marcar, tirá-lo da sua zona de conforto e provocar seu erro, para depois atacar.
O Grêmio, por sua vez, deixou de ser um time de controle de bola. Renato até buscou isso, mas sem contar mais com jogadores com esse perfil, moldou sua ideia em transições rápidas e ações dos extremas, Pavón e Gustavo Nunes, para acionar Diego Costa e Cristaldo. Villasanti e Pepê são dois meio-campistas que se descolam para construir e chegar, no caso do paraguaio, para concluir à frente.
É aqui que está uma interrogação do jogo. Roger teve sucesso contra o Inter fazendo um jogo de anulação, de marcação na origem de criação do adversário, Aránguiz, de fechamento das saídas pelos lados e de isolamento de Alan Patrick. Assim, tirou do adversário sua capacidade de articulação.
O Grêmio, por sua vez, joga com média pressão e busca recuperar a bola numa faixa mais recuado para, dali, partir rumo ao ataque. Ou seja, ele estimula o adversário a construir e espera seu erro para sair em velocidade com seus jogadores de lado ou mesmo Villasanti e Pepê. Só próximo da área é que passa a articular com trocas de passes. Foi assim que construiu a vantagem no Centenário, no jogo de ida, e fez uso dela na Arena.
Ou seja, a estratégia do Grêmio passa a ser forçar o Juventude a jogar, a criar. E essa é uma de suas dificuldades. Quando precisou ser propositivo, encontrou obstáculos. Roger estará diante de um adversário que concede espaços e a bola, que espera o momento de atacar em vez de fazer essa hora acontecer. Precisará, assim, ser mais agressivo na construção do que na anulação ao rival. É nesse ponto que começa a decisão deste sábado entre dois técnicos que montaram times parecidos e se conhecem bem.