Rafael Borré chegou a Porto Alegre recebido com toda pompa e circunstância pela torcida. Deve estrear na próxima semana, contra o Nova Iguaçu, em Brasília, se tudo correr como o Inter pretende. Ele vinha treinando no Werder Bremen. Embora tenha recebido bem menos minutos desde que a foto vestindo a camisa do clube gaúcho foi postada nas redes sociais. Borré será o companheiro de ataque de Valencia. Mas, mais do que um atacante de alto quilate, o Colorado traz para o vestiário uma referência.
Procurando informações sobre o colombiano, topei com uma entrevista concedida pela mulher dele, a jornalista Ana Caicedo. Ali entendi por que o jogador que mofava na reserva do Villarreal virou o principal nome de um River Plate histórico como foi o de Gallardo e conquistou como protagonista o título da Liga Europa com o Eintracht Frankfurt.
Borré chegou a cogitar desistir de tudo em 2017, ao receber a notícia no Villarreal de que não teria espaço. Foi estimulado pela mulher. Meses depois, o River apareceu. O próprio Gallardo telefonou para ele.
O jogador aceitou o desafio. Seria reserva, mas, ao menos, tinha a confiança do técnico. O começo em Núñez foi sem gols e com desconfiança da torcida. Depois de um clássico com o Boca, derrota de 2 a 1, decidiu procurar ajuda de um coach. Na parada para a Copa de 2018, tomou outra decisão que mudaria de vez a sua vida: contratou Jaime Pabón, treinador de atacantes responsável por fazer de Salah um artilheiro. A partir dali, construiu a trajetória que fez dele o goleador da Era Gallardo no River, com 54 gols, um à frente de Julián Álvarez, hoje no City.
Borré se tornou um dos ícones de uma era vitoriosa do River Plate justamente pela busca obsessiva pelo gol. Em 2020, no período de quarentena do futebol pela Covid-19, voltou para a Colômbia e contratou os serviços da Soccer Personal Training, centro de excelência que trabalhava, por exemplo, com Duvan Zapata e Carlos Bacca. O resultado foi que acabou como goleador da Superliga 2020, com 12 gols. Poucos meses depois, se despediu de Buenos Aires para jogar na Alemanha, levando o apelido "La Máquina" na bagagem.