A La Liga divulgou o teto salarial dos clubes depois de computadas as negociações da janela de inverno. É a partir dele que se tem um controle sobre os gastos mensais em jogadores e a saúde financeira, o famoso "fair play".
No caso da liga espanhola, ele é inflexível. Tanto uma das razões de Messi desistir de voltar ao Barça, em julho, foi que impactaria em cortes nos vencimentos de boa parte do grupo. Ou seja, não há exceção. Nem para o melhor do mundo. Embora seja rígido, o fair play da La Liga deu uma amenizada nas regras no começo desta temporada. Segue valendo o 1/1, ou seja pode gastar um euro para cada euro que entrar no caixa. Porém, duas regras mudaram: quem extrapolasse o limite salarial se submeteria ao 1/2, ou seja, poderia gastar um euro para cada dois que ingresse. Se negociasse um jogador cujo salário correspondesse a mais de 5% da folha, essa relação de gasto/arrecadação passaria para 1,2/2. Ou 60% do arrecadado.
Os números publicados pela La Liga impactam demais a vida do Barcelona. O clube tem apenas o terceiro limite salarial, 204,16 milhões de euros por ano. Porém, em entrevista recente, Javier Tebas, presidente da liga, revelou que a folha anual do Barça ultrapassava 400 milhões. Ou seja, em junho, o clube terá de vender muito (e bem) para equalizar as contas e poder contratar. Deco, em entrevista à catalã TV3, no começo do mês, já antecipou que o mercado será sem arroubos. Aliás, o clube ainda precisa inscrever de forma definitiva Iñigo Martínez e Vitor Roque, que estão registrados por empréstimo até 20 de junho. No caso do brasileiro, ele entrou na vaga de Gavi, que rompeu ligamento cruzado do joelho e só volta na próxima temporada.
No último ano, para poder contratar, o Barcelona vendeu ativos e usou as "palancas", manobra em que recolhe dinheiro no mercado e o usa para equilibrar contas. Foram arrecadados quase 900 milhões de euros. Mais de dois terços (667 milhões de euros) veio da venda de 25% dos direitos de TV por 25 anos. Outros 200 milhões vieram da venda de 25% da Barça Studios para a Socios.com, e 24,5% para Orpheus Média, empresa vinculada à Mediapro. Joan Laporta apostou em um mercado agressivo para montar um time capaz de gerar receita.
Para qualquer gestor, mesmo do Barça, apostar no campo para salvar as contas é viver na beira do precipício. Instável, o time patina no G-4, caiu na Copa do Rey e iniciou a salvação da temporada no confronto com o Napoli, pela Champions League. Tudo indica que o ano será morno, e a janela de verão, uma geladeira. Até porque a La Liga dificilmente aceitará novas manobras para que o clube saia às compras.
A lista dos salários:
*valores em milhões de euros
- Real Madrid 727.451
- Atlético de Madrid 303.408
- Barcelona 204.161
- Sevilla 152.286
- Real Sociedad 144.941
- Villarreal 143.918
- Athletic de Bilbao 100.062
- Betis 93.241
- Valencia 85.528
- Celta de Vigo 81.187
- Almería 66.857
- Granada 62.660
- Mallorca 60.963
- Osasuna 52.996
- Girona 52.171
- Rayo Vallecano 51.535
- Cádiz 49.486
- Getafe 41.663
- Las Palmas 33.721
- Alavés 31.288