A Libra e a Liga Forte Futebol voltaram a namorar. Inclusive, com perspectiva de noivado ali na frente. A reunião convocada pelo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, no último dia 9 de janeiro, colocou na mesma sala os clubes das Séries A e B e reaproximou os dois blocos. Ednaldo cobrou unidade dos dirigentes e maturidade para que o debate os leve à construção de uma liga única, com 40 integrantes.
A liga, como manda o manual, aquela que organizará os Brasileirões das Séries A e B, será dirigida pelos clubes e colocará na conta deles todos os recursos oriundos dos dois campeonatos, ainda é algo distante. A aproximação, ou o noivado, se daria inicialmente para negociação dos direitos de TV do próximo ciclo. O que, convenhamos, já representa um grande passo.
O atual contrato se encerra neste ano. Há urgência para a negociação das vendas pelos próximos três ou quatro anos. O normal, neste mercado, é abrir conversas no antepenúltimo ano de acordo, para esgarçar todas as possibilidades e sentar à mesa sem açodamento.
Como as conversas para a criação da liga se iniciaram em maio de 2022, imaginou-se que os clubes se entenderiam rapidamente e teriam tempo de sobra para costurar o novo acordo de TV. Porém, o que se viu foi o contrário. Houve divisão em dois blocos. Os 10 clubes emergentes da Série A, descontentes com os rumos do debate, criaram o movimento Futebol Forte. Logo depois, eles ganharam adesão de clubes como Inter, Fluminense e Atlético-MG. Foi quando surgiu a Liga Forte Futebol, que acabou engrossada por clubes da Série B e alguns da Série C.
Nesse caminho, houve desistências e adesões em ambos os lados. O Atlético-MG fechou com a Libra, motivado pela proximidade da sua SAF com o banco BMG. Cruzeiro, Botafogo e Vasco, também em versão SAF, alinharam-se com a LFF que, em setembro, assinou a venda de 20% dos seus direitos comerciais por 50 anos para a Life Capital Partners, e para o fundo General Atlantic.
A Libra havia assinado termo de compromisso com a Mubadala, também por 50 anos, mas recuou. Neste momento, discute com o fundo dos Emirados Árabes uma sociedade na criação de uma agência que negociará a venda dos direitos dos seus 16 clubes (nove deles da Série A). A LFF conta com 25 clubes, sendo 11 deles da Série A.
O fato de a LFF já ter vendido parte dos seus direitos não interferirá em uma venda conjunta. Mais do que a cobrança feita por Ednaldo na reunião na CBF, segundo um dirigente ouvido, motivou a reaproximação dos clubes o sinal emitido pelas redes de TV de que preferem negociar com um bloco apenas (e pagam mais por isso).
O colunista Lauro Jardim publicou no domingo (21) a informação de que tudo estaria definido até março. "Há muitos detalhes a serem vencidos. Só se mudou tudo da quinta-feira para cá", salientou esse mesmo dirigente, ligado à LFF. Uma outra fonte, ligada à Libra, lembrou que as conversas entre os blocos estiveram quentes e esfriaram algumas vezes nesses quase dois anos. Neste momento, porém, elas voltaram a aquecer, causando otimismo nos dirigentes.